-Conte-nos sobre a recente agressão a dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Winners.
-No caso Winners Textil existe um Sindicato que vem travando uma luta pesada desde 2016 em um ambiente agressivo gerado por uma empresa que discrimina fortemente o sindicalismo.
Cabe destacar que desde a formação do Sitrawinners, um sindicato de classe, os episódios de violência e repressão contra as afiliadas é constante, estando tudo documentado e os delitos contra a integridade das trabalhadoras devidamente denunciados.
-Houve anteriormente outros casos de agressão?
-Desde que começaram a lutar e a se organizar, em 2016, que estas companheiras –a maioria são mulheres– sofreram todo tipo de assédio e represálias por um grupo de trabalhadores apoiados pela empresa. Mas, foi a partir do mês de março deste ano que esses episódios de violência se agravaram.
A pandemia agravou a situação de vulnerabilidade dos integrantes do Sitrawinners, já que o Ministério do Trabalho reduziu o número de inspeções, fragilizando o trabalho da fiscalização e deixando os infratores com maior liberdade para implementar seus atos repressivos.
Os círculos de violência aumentam a tal ponto que, em março, esse grupo agrediu uma companheira grávida (Yorneli Patzan) e agora não só intensificam suas ações violentas, como também pretendem desconhecer as ordens judiciais dispostas para a reintegração dos trabalhadores que tinham sido injustamente despedidos.
Como estes atos recebem o aval da empresa, acaba gerando uma onda de violência desmedida, principalmente contra a secretária geral do Sindicato, a companheira Odilia Caal Có.
Uma gangue a retém no escritório administrativo da empresa, onde ela é espancada violentamente, ameaçada e obrigada a assinar a sua renúncia, deixando claro que se não se submetesse à vontade dessa turma, não sairia viva de lá.
-Uma gerente da empresa participou desse ato de violência desapiedada …
-Exatamente, Estavam a diretora de Recursos Humanos (Alicia Sajche Ajpop) e também o gerente (Sung Hoon Hong), mas foi principalmente ela quem exerceu coerção contra a companheira, estando inclusive com todos os papeis prontos para que Odilia renunciasse.
-Entretanto, a empresa disse que este acontecimento foi fruto de uma briga entre sindicatos.
-O que não é verdade.
Não só porque a diretora de Recursos Humanos (Alicia Sajche Ajpop) participou diretamente da última agressão, como também porque a empresa foi conivente com todos os atos de violência e discriminação contra o Comitê Executivo do Sitrawinners.
Tais fatos não são isolados, surgem em um momento de luta para conseguir reintegrar dois trabalhadores demitidos, e com o agravante de ter acontecido dentro o local de trabalho, pois é obrigação da empresa manter as condições de segurança de seus trabalhadores e trabalhadoras.
Na ocasião, nem mesmo a polícia pôde entrar. Foi uma emboscada, e que Odilia tenha saído viva de lá foi um milagre.
Foram atos criminosos e não foi a primeira vez, portanto não faltam motivos para a empresa tomar medidas contra os trabalhadores e as trabalhadoras agressores, mas não fizeram nada, portanto ainda que seja por omissão, atuam como cúmplices.
-Quando Odilia foi atacada, ela já tinha obtido medidas cautelares emitidas pelo Ministério para que seus agressores não pudessem nem se dirigir nem se aproximar dela.
-Exatamente. Mas a empresa se utiliza do fato de o terreno ser de propriedade privada para não permitir a entrada da polícia em seu edifício. Aliás, eu gostaria de destacar a habilidade da Winners Textil para jogar a culpa numa briga entre sindicatos, quando de fato não existem duas organizações sindicais.
O grupo de trabalhadores que agrediu a Odilia não tem estrutura de sindicato, reduzindo-se apenas a um grupo organizado pela empresa que vem agindo de forma delitiva há muito tempo, algo completamente distante de tudo o que significa um sindicato.
-Quais medidas a Festras tomará?
-Primeiramente, manter a segurança e a integridade física das companheiras, para então fazer o acompanhamento das denúncias já realizadas.
Estamos analisando algumas estratégias de proteção e contamos com a UITA para difundir esta situação internacionalmente.
Precisamos da solidariedade de todas as nossas organizações irmãs.