Os carregamentos foram interceptados em duas operações realizadas nas cidades de Santana do Livramento e de Candiota, no estado do Rio Grande do Sul, próximas à fronteira com o Uruguai, de onde vieram, de acordo com o depoimento das pessoas detidas.
O Brasil é um dos líderes mundiais no consumo de agrotóxicos, principalmente após a introdução de plantações transgênicas em grande escala, processo que teve início no começo dos anos 2000.
Entre 2010 e 2020, o uso desses produtos, principalmente do glifosato, aumentou 190 por cento.
A peculiaridade do governo Bolsonaro é ter liberado a importação e o uso de um leque de pesticidas e herbicidas antes proibidos no país, muitos dos quais continuam proibidos nos Estados Unidos e na Europa, devido a sua alta toxicidade contra os seres humanos, a fauna e o meio ambiente.
Até o final de 2020, o governo do ex-militar de extrema-direita liberou cerca de 945 agrotóxicos em benefício das transnacionais que os produzem e que faturam, com isso, alguns bilhões de dólares. Só em seus primeiros quatro meses, o governo de Bolsonaro autorizou cerca de 150.
Soma-se a essa situação o ocorrido no estado do Rio Grande do Sul, onde a Assembleia Legislativa aprovou o Projeto de Lei 260/202, que atua em detrimento da Lei de Agrotóxicos aprovada em dezembro de 1982, considerada arcabouço jurídico pioneiro e favorável ao meio ambiente e à saúde pública no Brasil.
O lobby do agronegócio encontrou um aliado no governador Eduardo Leite. Com a aprovação da reforma, foi eliminada uma disposição segundo a qual agrotóxicos proibidos em seus países de origem não podiam entrar no Rio Grande do Sul.
“Vamos transformar o Rio Grande do Sul em um grande depósito de lixo tóxico, de produtos proibidos na Europa e nos Estados Unidos”, alertou Luciana Genro, deputada estadual pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Segundo a organização Amigos da Terra, o Brasil é o segundo maior comprador mundial de agrotóxicos proibidos na Europa.