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Com Gabriel Bezerra
Governo do Rio Grande do Sul nega vacinar trabalhadores rurais

O último da fila

Na semana passada, a Federação dos Trabalhadores e Assalariados Rurais do Rio Grande do Sul (FETAR RS) publicou nota repudiando a decisão do governo estadual de negar a vacinação contra Influenza/H1N1 aos trabalhadores e trabalhadoras do setor. Conversamos sobre isso com Gabriel Bezerra, presidente da CONTAR*.
Foto: Gerardo Iglesias

Fizemos todas as gestões conjuntamente com a FETAR para que a Secretaria da Saúde do estado oferecesse gratuitamente aos trabalhadores rurais a vacina contra Influenza/H1N1 de forma gratuita”, explicou o dirigente.

A Federação havia solicitado à Secretaria de Estado da Saúde, no dia 24 de abril, que esses trabalhadores e trabalhadoras fossem contemplados na campanha de vacinação, tendo em vista que a tarefa rural ocorre ao ar livre e o inverno no sul do país costuma ser rigoroso.

“O argumento dado pelo organismo para negar o serviço é que, do ponto de vista da atividade de trabalho, os assalariados rurais não estão entre os prioritários e nossa maior preocupação é que o trabalho rural é realizado ao ar livre e à mercê das inclemências do tempo”, destaca Gabriel.

Conforme relatado pelo presidente da CONTAR, as organizações de assalariados rurais continuam a exigir esse serviço, pois tanto os caminhoneiros como os funcionários portuários serão vacinados.

“Consideramos certo incluir esses companheiros nos grupos prioritários, mas não entendemos a lógica da Secretaria da Saúde de negar a vacinação a peões rurais que trabalham em uma indústria a céu aberto”, afirma
Um paradoxo, se partirmos da base de que quem produz os alimentos que os caminhoneiros irão transportar até o porto são os que trabalham no campo.

Desprezo

“Os assalariados e assalariadas rurais fazem parte das atividades essenciais e não paramos de produzir porque somos nós que possibilitamos que os alimentos cheguem à mesa do povo brasileiro, então por que eles nos negam a vacina?

Estamos cientes de que o governo federal tem total desprezo pela classe trabalhadora, mas estávamos esperançosos de que o governo estadual entendesse que, diante da iminência do inverno, das baixas temperaturas e do aumento das doenças respiratórias, esse setor seria considerado um dos prioritários”, afirmou.

“A FETAR repudia essa decisão e vamos recorrer ao Ministério Público do Trabalho e à Secretaria do Trabalho do Estado para que sejam tomadas as medidas de prevenção necessárias para a prevenção da COVID-19 entre os trabalhadores e as trabalhadoras do campo”, enfatizou.

Gabriel ressalta que os governantes do Brasil não levam em conta as necessidades básicas de um grupo de assalariados que trabalha para um dos setores mais ricos da produção, como o agronegócio.

Nota-se que somos essenciais para algumas coisas, mas não para outras


*Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais.