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37º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo
Com Jair Krischke

“O Oscar dos jornalistas”

Agora em 10 de dezembro, coincidindo com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, haverá a 37ª edição dos Prêmios Direitos Humanos de Jornalismo, concebidos há 36 anos por Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil (MJDH), com quem dialogamos.
-Como surge a ideia da premiação?
– Em 1984, quando vários países do Cone Sul estavam saindo de suas longas ditaduras, nós sentimos a necessidade de reconhecer publicamente o trabalho dos jornalistas que abordavam a questão dos direitos humanos. Não encontramos nada melhor que premiar o seu trabalho, com um troféu, um diploma.No Brasil ser jornalista comprometido com a promoção e defesa dos direitos humanos carrega consigo um verdadeiro risco, por isso é tão importante valorizar o seu trabalho.-A iniciativa foi muito bem recebida pelos jornalistas, que ano a ano se unem, apresentando uma multiplicidade de trabalhos…
-Sim, de fato, aqui no Brasil os jornalistas dizem que este prêmio: “é o nosso Oscar”, refletindo a importância e a seriedade desta premiação.

Também sabem que o júri é composto por pessoas com idoneidade para analisar os conteúdos e a qualidade técnica do material recebido.

– Pela primeira vez, nesta 37ª edição, o Uruguai participa.
– Sim, é a primeira vez que fazemos de forma oficial, porque anteriormente, foram premiados trabalhos de jornalistas uruguaios, mas agora se trata de uma nova experiência, onde em parceria com a Rel UITA estendemos a convocatória ao Uruguai, como antessala para se convocar todo o Cone Sul.

Começamos pelo Uruguai devido à nossa proximidade com a Rel UITA, que tem sua sede regional em Montevidéu. E devo dizer que, apesar de todas as dificuldades apresentadas durante a pandemia, esta experiência foi muito positiva.

Defensores do Uruguai e da Guatemala

-Nesta edição haverá um reconhecimento ao trabalho de duas personalidades fora do Brasil, ao do procurador de Direitos Humanos da Guatemala, Jordan Rodas, e ao da Dra. em Ciências Sociais, Ana Maria Araújo, do Uruguai.
Jordán Rodas é um valente profissional que está sofrendo ameaças devido ao seu trabalho e defesa dos direitos humanos dos mais desfavorecidos na Guatemala.

Tentamos colocar a Guatemala no foco da comunidade internacional, devido ao risco que esse procurador corre ao realizar seu trabalho, somado à intenção do governo guatemalteco em cortar a verba destinada à Procuradoria, como forma de limitar seu importantíssimo trabalho.

No caso de Ana Maria Araújo, valorizamos seu compromisso com o movimento operário, sua participação na luta do Sindicato da Norteña (SOEN), quando a empresa Ambev desmontou todas as cervejeiras do Uruguai, e reconhecemos suas reflexões e ações relacionadas com as mudanças no mundo do trabalho, possuindo uma relação direta com o leitmotiv desta edição, que é sobre o trabalho precário.

– Vamos relembrar qual será o dia e a hora da entrega dos prêmios.
– Será na próxima quinta, 10, Dia Internacional da Declaração Universal dos Direitos Humanos, às 20 horas. Isso sempre foi assim, em todas as nossas edições. A única coisa diferente, neste ano, por causa da pandemia, é que será uma cerimônia virtual.

Participarão as organizações promotoras do prêmio, o jornalista Paulo César Silveira, que ganhou a primeira edição do Prêmio Direitos Humanos e que atualmente mora em Sevilha, na Espanha.

Haverá também a participação, durante a premiação, do artista que confeccionou as estatuetas, Mario Caldé, uruguaio radicado em Porto Alegre há décadas; o designer gráfico do cartaz deste ano, o caricaturista salvadorenho Allan McDonald, e será mencionado o caso do assassinato de um homem negro por guardas de segurança de um supermercado da empresa Carrefour, há alguns dias aqui em Porto Alegre.

Essa palestra, ministrada por um jornalista local, exibirá, através de vídeos, a forma como os guardas de segurança são treinados. A violência desmedida com a qual trabalham pode explicar, em parte, o porquê de tantas mortes violentas em nosso país.

Vai ser um encontro muito gratificante. E esperamos por você…


1 – O Prêmio é patrocinado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil (MJDH), pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), filial Rio Grande do Sul, pela Associação de Jornalistas Gráficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (ARFOC/RS), pela Union to Union (Suécia) e pela Rel UITA.