Segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, o país conta uma morte a cada três horas e 40 minutos. Por si só, os dados tornam urgente a mobilização em torno do Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho (28 de abril). Mas este ano o desafio é ainda maior.
A Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Canpat) 2020, da Fundacentro e Secretaria Nacional do Trabalho, traz este ano o tema “Detenhamos a pandemia: a segurança e saúde no trabalho pode salvar vidas”, com óbvia menção ao Coronavírus. São dois focos: o controle da transmissão nos locais de trabalho, e a proteção dos próprios profissionais.
Quem atua na linha de frente do atendimento da população, está na mira da pandemia. Já são mais de 8 mil trabalhadores da saúde afastados pelo Coronavírus no país, sendo quase 4 mil só na cidade de São Paulo.
Os números de mortes e infecções ainda são calculados, mas a perspectivas da situação destes profissionais embasa toda a série de cuidados com relação aos demais trabalhadores brasileiros. Se o grau de contágio é menor ou maior, todos o enfrentaremos.
Senão, vejamos. Na cidade de Passo Fundo-RS, o frigorífico da JBS foi interditado pela Secretaria Nacional do Trabalho, depois de 19 casos de trabalhadores com Covid-19, e 106 sob suspeita de contraírem a doença.
Além disso, dois óbitos de pessoas que mantinham contato com trabalhadores do frigorífico. Casos como este podem se acumular nos próximos meses, se não houver mobilização.
Enquanto o movimento sindical amplia sua atuação, exigindo nas empresas e locais de trabalho o respeito às normas apregoadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), também pressiona pelo enquadramento da Covid-19 como doença ocupacional, especialmente se contraída diante da negligência da empresa.
Hoje, uma lacuna jurídica deixa em aberto este tópico, marcando nossa sociedade com uma chaga.
Sem relação com a Covid-19, Limeira tinha registrado 2.203 acidentes de trabalho no ano de 2019 – dados do Programa de Saúde do Trabalhador (PST).
Uma pequena redução com relação ao ano anterior (2018 registrou 2.379 acidentes), mas que em nada favorece o desprezo pelo tema. Foram 3 óbitos no município em 2019, recorde deste 2016.
O foco no combate do Coronavírus não tira a perspectiva dos acidentes e doenças tradicionais do trabalho, muito pelo contrário. O trabalho deve ser global, envolvendo empresas, sindicatos e poder público, com medidas que possam preservar a vida e a saúde dos nossos trabalhadores.
O Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho nasceu como fruto de um movimento de trabalhadores no Canadá, na década de 1980, e ganhou o mundo.
A escolha da data se deu por conta de um acidente ocorrido em 28 de abril de 1969, nos Estados Unidos, onde a explosão de uma mina matou 78 trabalhadores. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) oficializou a data.