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Assassinam outro líder nativo

Bolsonaro institucionaliza o genocídio dos povos indígenas

Dezenas de indígenas são assassinados, anualmente, na Amazônia brasileira, por invasores que querem expulsá-los de suas terras, ricas em minerais. O último assassinato aconteceu no final de semana passado, quando uns 50 garimpeiros apunhalaram várias vezes o cacique Emyra Wajãpi, do povo wajãpi.

A política do governo de Jair Bolsonaro de “liberar” cada vez mais terras da Amazônia para a mineração, levará, sem dúvidas, ao aumento do número de indígenas exterminados. 

No domingo, 28 de julho, o cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos, das aldeias wajãpi, foi morto por dezenas de garimpeiros ilegais, que com o uso de arma branca o assassinaram, jogando ainda seu corpo em um rio.

Os wajãpi são um dos cerca de 120 grupos étnicos que habitam o país desde que a Constituição de 1988 passou a lhes garantir proteção e o direito inviolável às suas terras.

São 1.300 indígenas wajãpi habitando um território de 6 mil quilômetros quadrados, entre os estados o Pará e do Amapá.

Há tempos denunciam que os garimpeiros andam pelas terras indígenas cada vez com maior liberdade, para durante as noites atacarem não só as aldeias wajãpi, como também outros povos indígenas.

Para dizer a verdade, apesar de existirem proteções conquistadas a duras penas, os indígenas nunca deixaram de ser atacados.

Segundo o Conselho Indígenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, em três décadas – entre 1988 e 2018 – 1.071 indígenas foram assassinados ou por garimpeiros ou por mercenários pagos por empresas nacionais ou estrangeiras.

E a Amazônia nunca deixou de ser arrasada. Entre 2006 e 2017, 4 milhões de hectares de floresta foram devastados, de acordo com a Ong Global Forest Watch.

Desmatamento e extermínio

Desde que, sob o governo de Michel Temer, o Estado acelerou a desapropriação das terras indígenas para entrega-las aos megaprojetos da mineração ou da agricultura, tanto uma coisa como a outra – o desmatamento e a desproteção dos povos indígenas – aumentaram exponencialmente.

Alguns anos antes de sua chegada à presidência, Bolsonaro já tinha advertido que algum dia havia que acabar com a “absurda” concessão de reservas aos indígenas e com as “ridículas” proteções ambientais dadas à floresta amazônica.

“Onde há índios há uma gigantesca riqueza escondida”, disse Bolsonaro em 2017.

O presidente voltou a fazer a mesma afirmativa nas últimas semanas. E ainda disse mais: que as empresas, em seu governo, terão um cheque em branco para arrancar da terra o ouro, o manganês, o ferro e o cobre. E para plantar soja, of course.

Para isso, haverá que extirpar estas inúteis e incômodas coisas verdes e marrons chamadas árvores. O desmatamento na Amazônia em junho foi 88% maior do que no mesmo período de 2018, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Também haverá que extirpar os indígenas, porque é “muita terra para pouco índio”.

A caça aos índios foi praticamente lançada oficialmente.

Com Bolsonaro, disse recentemente Dinamã Tuxá, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, “está sendo institucionalizado o genocídio”.

Enquanto Emyra Wajãpi era assassinado a facadas no Amapá, o presidente convocava em Brasília os “países do primeiro mundo, especialmente os Estados Unidos”, a explorarem juntos com o Brasil os recursos da Amazônia.

Continuará.