Para a Associação Arco-íris, a defensora dos direitos humanos foi vítima do ódio e da violência imperantes em Honduras. "Rejeitamos qualquer ato de ódio, estigma e discriminação contra nossa população LGBTI", pode-se ler em um comunicado publicado nas redes sociais.
Scarleth Campbell fazia parte do grupo Muñecas de Arcoíris, criado em 2008 por várias mulheres trans das cidades de Tegucigalpa e Comayagüela, registrado juridicamente como Asociación Arcoíris Honduras.
O objetivo do grupo é promover um espaço de encontro para pessoas trans profissionais do sexo dessas cidades, visando a informar sobre várias questões importantes para a população trans.
De acordo com dados da Rede Nacional de Defensoras dos Direitos Humanos em Honduras (RNDH), 10 mulheres trans já foram assassinadas durante este ano.
O Observatório de Mortes Violentas de Pessoas LGBTI da Rede Lésbica Cattrachas estima que 361 pessoas LGBTI foram assassinadas desde o golpe de Estado de 2009.
O ano passado foi o mais nefasto para a comunidade LGBTI hondurenha, com 41 mortes violentas, o maior número registrado na última década.
De todos esses casos, 71 foram judicializados, mas apenas 28 chegaram a uma condenação, ou seja, menos de 8%.
A própria Associação Arco-íris afirma que em Honduras, em média, uma pessoa LGBTI é morta a cada 11 dias, 33 assassinatos por ano. Mais de 90% desses casos ficam impunes.
"Isso também é produto de um Estado falido que não respeita a laicidade, uma vez que impõe preceitos religiosos que não respondem às necessidades e problemas das populações em risco social e de maior vulnerabilidade.
Exigimos uma investigação imediata e minuciosa desse assassinato, sem vitimizar novamente a defensora, para que a justiça seja feita não só para ela, mas para toda a comunidade LGTBI", afirmou a organização que defende os direitos da diversidade sexual.
Em várias ocasiões, tanto o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH) quanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) identificaram a urgência de tomar medidas concretas para proteger as pessoas LGTBI.
O EACDH Honduras condenou o assassinato de Scarleth Campbell e pediu ao Estado de Honduras que conduzisse uma investigação minuciosa, rápida e imparcial "que considere como hipótese a motivação baseada em preconceito e/ou discriminação com base na identidade ou expressão de gênero da vítima".
Diferentes organizações que defendem os direitos da comunidade LGBTI se manifestaram contra este novo assassinato, abraçando a Associação Arco-íris de Honduras e todas as pessoas dessa comunidade.
Em Managua Giorgio Trucchi | Rel UITA