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Industriais lançam campanha para a reautorização do
glifosato e tentam esconder estudos científicos

Olhos que não querem ver

A indústria química está pressionando a Europa para que o glifosato possa continuar a ser usado no continente, apesar de 60% dos estudos científicos publicados nas Universidades da região demonstrarem sua nocividade.
Foto: Gerardo Iglesias

Em 15 de dezembro de 2022, expira a permissão concedida pela União Europeia (UE) a este produto classificado como possivelmente cancerígeno em seres humanos por uma agência das Nações Unidas.

Neste dia, os 27 estados membros da UE devem votar a favor ou contra um novo pedido de autorização apresentado por grandes empresas do setor químico.

Na sexta-feira, 24 de setembro, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e a Agência Europeia das Substâncias Químicas (EFSA e ECHA, respectivamente, por suas siglas em inglês) abriram consultas públicas sobre o assunto, por 60 dias.

O regulamento europeu que rege a comercialização de pesticidas e herbicidas obriga os autores dos pedidos de homologação a acompanharem todos os estudos científicos solicitados e publicados sobre o assunto nos dez anos anteriores, devidamente avalizados pela comunidade científica.

No entanto, uma pesquisa realizada pela associação ambientalista francesa Générations Futures mostra que isso não foi assim.

O grupo descobriu que entre 2010 e 2020, 985 estudos sobre a toxicidade e ecotoxicidade do glifosato foram publicados na Europa, todos eles acessíveis no banco de dados PubMed, entretanto apenas 405 estudos (representando 41,12 por cento de toda a informação publicada) foram incluídos.

A organização Générations Futures apela à população europeia para se mobilizar durante o próximo ano para frearem a iniciativa das grandes empresas da indústria química.

Uma pesquisa da consultoria IPSOS realizada na França e divulgada este mês mostra que três de cada quatro franceses se opõem à reautorização do glifosato.