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A empresa açucareira corre o risco de perder sua certificação por causa de sua política antissindical

Azunosa reincidente

As empresas da indústria açucareira da América Central têm uma longa tradição autoritária e antissindical. Em Honduras é o caso da Açucareira do Norte (Azunosa), que em dezembro passado demitiu 22 trabalhadores, incluindo todos os integrantes do Conselho Diretivo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar, Mel, Álcool e Similares de Honduras (SITIAMASH).

A Federação Latino-Americana dos Trabalhadores do Setor SucroEnergético da UITA (Feltrase) está se mobilizando intensamente para forçar a empresa a reverter essa decisão.

Os trabalhadores contam com um ás na manga: o de fazer com que a empresa perca a certificação Bonsucro (Better Sugar Cane Initiative), um programa independente de certificação para a indústria da cana-de-açúcar.

Azunosa já tinha perdido esse reconhecimento tempos atrás, por ter cometido atos de assédio no trabalho, demissões arbitrárias e violado a convenção coletiva, custando-lhe caro: perdeu mercados.

Em 13 de dezembro passado, tanto a Feltrase quanto o Sindicato dos Trabalhadores da Agroindústria e Similares (STAS) e SITIAMASH, ambos filiados à UITA, denunciaram a empresa à Bonsucro, que para conceder sua certificação avalia o cumprimento de uma série de princípios ambientais, sociais e econômicos.

"Azunosa viola esses princípios descaradamente, ignorando os representantes dos trabalhadores e os despedindo sem nenhum tipo de consideração, como fez com toda a diretiva do SITIAMASH”, ressaltou Noé Nerio, líder da Feltrase.

Bonsucro decidiu auditar a empresa. Enquanto a auditoria não acontece, os sindicatos vão aumentando a pressão. Noé Nerio estará em Honduras nos próximos dias, para apoiar os dirigentes sindicais.

“Sabemos que o empresariado da América Central tem um pensamento autoritário e não se inibe na hora de maltratar o trabalhador. Só que nós temos todas as ferramentas para pelo menos tirar da empresa a certificação e, assim, fazer com que os seus produtos percam mercado”, manifestou Nerio para La Rel.