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“Foi uma decisão unânime dos trabalhadores. Sabíamos que o plano da empresa era nos desgastar e dividir. Optamos por solicitar a arbitragem do Ministério do Trabalho, não sem antes chegar a acordos sobre certas garantias e medidas de proteção para os trabalhadores”, disse para A Rel, Jaime Acevedo, secretário de Segurança do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cervejeira do Panamá (STICP).
“O ânimo dos trabalhadores está mais firme do que nunca. Enfrentamos uma grande batalha e demonstramos para a SABMiller que estamos unidos, e que não podem mais manipular a força de trabalho a seu bel-prazer”, explicou Jonathan Vélez, secretário de Educação do Sitrafcorebgascelis.
“As bases de negociação na arbitragem serão as 71 cláusulas da Pauta de Reivindicações. Não haverá maneira de a empresa continuar rejeitando negociar e assinar o novo Convênio Coletivo com ambos os sindicatos”, acrescentou.
Um dos principais legados desta greve é a unidade dos trabalhadores, não importa a organização à qual pertençam.
“Soubemos superar as diferenças e lutamos juntos por um mesmo objetivo. Isto nos deixou uma grande lição: somente unidos podemos ganhar respeito como interlocutores, melhorar as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, e avançar nos contrapondo às políticas e estratégias destas grandes empresas transnacionais”, avisou Acevedo.
Esta experiência de unidade já está gerando decisões muito relevantes para o futuro sindical do Panamá.
Durante a Assembleia Geral do Sitrafcorebgascelis, no dia 25 de julho passado, aproximadamente 350 trabalhadores aprovaram por unanimidade a formação de uma Federação.
A greve dos trabalhadores da Cervejaria Nacional (SABMiller) foi acompanhada e apoiada por inúmeras de organizações, tanto nacionais como internacionais, e por amplos setores da população do Panamá.
A campanha internacional promovida pela UITA desencadeou o envio em massa de milhares de e-mails para a empresa, exigindo respeito aos direitos de liberdade sindical e de negociação coletiva.
“Foi incrível ver a quantidade de pessoas e de organizações, muitas delas filiadas à UITA, que expressaram seu apoio incondicional à nossa luta enviando fotos, mensagens, cartas, acompanhando-nos nas mobilizações, entregando notas dirigidas ao presidente Juan Carlos Varela nas embaixadas do Panamá na América Latina”, enfatizou Vélez.
Tudo isto, unido ao uso em massa das redes sociais, bem como a cobertura à greve oferecida pela mídia independente, contribuiu para romper o cerco midiático imposto pela SABMiller aos principais meios de comunicação nacionais.
“Estamos muito agradecidos por esta gigantesca demonstração de solidariedade, o que nos motiva a continuar adiante nesta nova etapa da luta. Nunca iremos falhar”, concluiu o secretário de Defesa do STICP.
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Tradução: Luciana Gaffrée