Brutal e ilegal demissão em massa
na Schneider National (Pepsi)
Mais de 70 trabalhadores mandados embora
por formarem um sindicato
Dia 9 de novembro passado, uns 70 trabalhadores da empresa Schneider National Logistics, encarregada da entrega dos produtos da PepsiCo na Nicarágua, formaram um sindicato para defender e garantir os seus direitos trabalhistas. Menos de 24 horas depois, o patronal foi com tudo para cima deles, despedindo-os de forma brutal e totalmente ilegal.
“Quando chegamos nesta segunda, o gerente de Operações, Max Saravia, nos separou do resto do grupo e nos conduziu a uma sala, onde uma pessoa de nacionalidade guatemalteca estava nos esperando. Ele se apresentou como o gerente geral da Schneider National.
Logo depois, começou a nos atacar, e quando um dos nossos companheiros reclamou de sua atitude violenta e ofensiva, o tal senhor lhe despediu. Ao nos solidarizarmos com ele, fomos todos despedidos e retirados da fábrica da ENSA”, disse um dos trabalhadores demitidos impunemente.
Na Nicarágua, a Schneider National Logistics está diretamente vinculada com a Engarrafadora National S.A. (ENSA), de propriedade da CBC (antes CABCorp), sendo a Engarrafadora Ancla a fornecedora da Pepsi para a América Central.
“A relação entre a Schneider National e a PepsiCo é mais do que evidente, e todos os trabalhadores trazem em seu carnê o logo das duas empresas.
Uma vez mais estamos assistindo à brutalidade destas transnacionais e ao seu espírito profundamente antissindical”, disse para A Rel, Marcial Cabrera, secretário geral da Federação Unitária dos Trabalhadores da Alimentação da Nicarágua (FUTATSCON).
Cabrera explicou que o sindicato foi inscrito nesta segunda-feira perante as respectivas autoridades, portanto a demissão é totalmente improcedente e demonstra claros traços de conduta antissindical.
Dane-se a Constituição!
Troglodita empresarial
Durante o seu ataque contra os trabalhadores organizados, o gerente geral da Schneider não escondeu a sua profunda convicção antissindical, compartilhando o mesmo sentimento da norte-americana para a qual trabalha.
Chegou mesmo a garantir não se importar com a legislação trabalhista do país, nem com a Constituição da República. Também disse não ter o mínimo medo das autoridades trabalhistas.
“Ele disse claramente que era para desistirmos do sindicato se não queríamos ser despedidos. Até chegou a nos mostrar os cheques no valor das nossas demissões”.
Essa pessoa também explicou que a PepsiCo não quer saber dos sindicatos. Pelo contrário, cancelaria imediatamente o contrato com a Schneider”, relatou um dos trabalhadores que, revoltados, permaneciam fora da fábrica da ENSA (PepsiCo).
“Foi vergonhoso e não estamos dispostos a renunciar aos nossos direitos. Nós continuaremos aqui, firmes, e vamos reverter esta injustiça”, afirmaram em uma só voz os seus companheiros.
Já bem tarde, os trabalhadores acompanhados pelo Marcial Cabrera foram ao Ministério do Trabalho, onde foram atendidos pelos funcionários.
“Eles nos garantiram que amanhã pela manhã vão realizar uma minuciosa inspeção para averiguarem o que aconteceu. Isto é muito importante, e não temos a menor dúvida de que esta vergonhosa situação vai ser revertida”, concluiu Cabrera.
Foto: Giorgio Trucchi