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Com Gilberto “Giba” Vieira
Cresce o ataque contra os povos originários

Violência explícita

O secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Gilberto Vieira (Giba) alerta sobre uma nova escalada de violência contra comunidades e lideranças indígenas.

No final de julho, garimpeiros apunhalaram até a morte um cacique da etnia Wajãpi no Amapá, cortaram seus olhos e seus genitais, e jogaram o seu corpo no rio.

A crueldade deste crime mostra uma nova etapa contra uma minoria cujos direitos são atacados desde a conquista da América Latina.

“O governo de Jair Bolsonaro está cumprindo as promessas feitas durante a campanha eleitoral. Desde o primeiro dia, Bolsonaro foi claro, ao colocar a Fundação Nacional do Índio (Funai), responsável pelas demarcações de terras indígenas, sob a administração do Ministério da Agricultura, liderado pelos ruralistas. A raposa cuidando do galinheiro”, lamenta Giba.

Tereza Cristina, ministra da Agricultura de Bolsonaro, foi sempre uma inimiga declarada da demarcação dos territórios indígenas, quando exercia como deputada federal por Mato Grosso do Sul, e também como presidenta da CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, que representa os ruralistas.

O governo está promovendo um ambiente propício para dar àqueles que historicamente negaram os direitos dos povos indígenas carta branca para atuar”.

O desprezo público

O próprio presidente Bolsonaro manifesta publicamente que promoverá a liberação da mineração em reservas indígenas e permitirá a exploração da Amazônia.

Além disso, faz alarde sobre o arrendamento de terras indígenas para a exploração agropecuária”, observa Giba.

Para o ativista do Cimi, a situação é muito preocupante porque não há avanços na demarcação e porque estão desalojando violentamente os povos de suas terras já demarcadas.

“A invasão de territórios indígenas por garimpeiros (mineração ilegal), madeireiros e pelo agronegócio não acontece apenas em espaços em processo de demarcação. O grave é que agora estão invadindo e desalojando de maneira violenta as terras já regularizadas”, informa.

“Estamos encaminhando a denúncia para a CIDH, a OEA e a ONU, para que intercedam perante o governo e exijam o respeito aos direitos destas comunidades e o cesse imediato dos ataques”.

“Embora esta violência não seja nova – conclui Giba – preocupa a intensidade como vem sendo dada, e o fato de os agressores terem o amparo do governo nacional”.