Se essa isenção não fosse aplicada, o Estado arrecadaria um valor quatro vezes superior ao montante destinado anualmente pelo governo federal ao Ministério do Meio Ambiente, informou, citando dados de organizações qualificadas como a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Na quarta-feira, 19, o Supremo Tribunal Federal se pronunciaria sobre a prorrogação dessa exoneração, mas acabou adiando sua decisão.
Por outro lado, sabe-se que, embora as empresas que produzem esses venenos e seus defensores – os beneficiários do agronegócio – neguem, maioria dos agrotóxicos utilizados no país são potencialmente cancerígenos, lembrou Jair.
Em 2017, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou mais de R$ 4 bilhões de reais para tratar pacientes com câncer.
Em agosto passado, a imunologista Mônica Lopes Ferreira, diretora do Laboratório Especial de Toxicologia Aplicada do Instituto Butantan, em São Paulo, coordenou uma pesquisa sobre a toxicidade dos 10 agrotóxicos mais utilizados no Brasil.
Seu trabalho revelou que, mesmo em doses ínfimas de até mesmo uma trigésima parte dos limites estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a totalidade dos produtos analisados eram fortemente nocivos.
O resultado não surpreende, pois dezenas de estudos independentes, alguns deles realizados por organismos das Nações Unidas, como pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), chegaram a conclusões semelhantes, principalmente com relação ao glifosato, o pesticida mais utilizado nas culturas de soja no Brasil.
Devido a essa pesquisa, tanto a cientista como a sua equipe de trabalho foram vítimas de uma campanha de difamação e desprestígio feita pelas próprias autoridades do instituto, revelando o poder do lobby empresarial dos agrotóxicos.
"Se o Estado brasileiro deixa de recolher impostos que arrecadam cerca de R$10 bilhões, oferece ao Ministério do Meio Ambiente pouco mais de R$ 2 bilhões de orçamento e gasta contra o câncer cerca de 4 bilhões, obviamente há alguma coisa errada", analisa Jair.
Para o ativista, o governo de Jair Bolsonaro tem muito pouca consideração pela saúde dos cidadãos e pela proteção do meio ambiente. Por outro lado, este governo cuida muito bem dos interesses das grandes corporações transnacionais que produzem e comercializam esses venenos.
"Estamos todos condenados, porque não só os agricultores e os trabalhadores rurais são afetados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, os consumidores desses produtos também são vítimas", disse.
A ausência de informações sobre isso ou a desinformação, promovida pelos governos em cumplicidade com as grandes corporações e a grande mídia, revela a inexistência de uma consciência real do perigo, representado pelo modelo produtivo atual.
“O Estado brasileiro decidiu premiar quem poluir e colocar em risco a vida das pessoas. O modelo de produção agrícola visa a dar lucro aos pequenos grupos do agronegócio, em detrimento de seu próprio povo", concluiu Jair.