A CPT é uma organização ligada à igreja católica que trabalha desde 1975 junto aos camponeses, assalariados e trabalhadores rurais na defesa de seus direitos.
Desde então, acompanha ativamente os conflitos relacionados à terra, especialmente na região amazônica, onde são registrados os maiores índices de violência contra os povos originários, os trabalhadores, os sindicalistas, os ativistas e os defensores da preservação dos bens comuns.
Sendo assim, a CPT é uma das parceiras da Contag no combate à violência no campo.
“Portanto, minha presença aqui responde à necessidade de articular e unificar esforços entre todos, pois o que está por vir atacará a sobrevivência de todos. Eles virão para matar as famílias que não quiserem deixar as suas terras, virão para matar as comunidades que resistirem. A situação é muito grave", diz o coordenador da CPT Goiás.
Para Saulo, os despejos violentos que ocorrem em todo o país pioraram muito nos últimos anos, e o seu temor é que 2020 seja ainda pior.
“Grande parte do aumento de casos de violência no campo deve-se às novas medidas tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro, como a PEC 910, sobre a regularização fundiária que nada mais é do que a legalização da grilagem”, alerta.
Conforme relatado pela CPT, as famílias que estão em risco trabalham nessas terras há 40 ou 50 anos, agravando a situação. Por isso, é necessário divulgar internacionalmente o está acontecendo no Brasil.
"Atualmente nossa luta será pela permanência na terra, e não pela conquista da terra, e é uma luta não só contra o latifúndio, mas também contra os grandes grupos financeiros, que compram terras para a especulação ou para a mineração, e que estão expulsando as famílias rurais. Esse processo tem sido feito de forma brutal e vertiginosamente", avalia.
Os ataques são vários e simultâneos, dificultando a tarefa da CPT em estar presente em todas as frentes.
“O latifúndio está expulsando, seja na lei ou na marra, os agricultores, os quilombolas e os povos originários, recorrendo a jagunços, assassinos ou a empresas de segurança que respondem às milícias ou aos narcotraficantes. É por isso que este seminário é tão importante, por criar uma agenda comum que nos permita denunciar ao mundo o que está acontecendo e, acima de tudo, resistir.”
O governo age de tal forma que as famílias que estão nas terras destinadas para a reforma agrária não conseguem regularizar a sua condição de ocupantes de fato, levando a um aumento dos conflitos.
Esses conflitos não se limitam à região amazônica, mas se espalham por todas as regiões de interesse do agronegócio e da mineração, onde, aliás, há importantes bacias hidrográficas.
“Temos que denunciar ao mundo inteiro que no Brasil o Poder Judiciário e o Poder Legislativo estão comprometidos com o agronegócio e com as grandes corporações, assim como deixar claro que o Poder Executivo está disposto a eliminar as camadas mais empobrecidas da sociedade", lamenta Saulo.
Em Brasília, Amália Antúnez