O objetivo deste dia é chamar a atenção sobre a desigualdade, a discriminação e as diferentes formas de violência machista, mas também reivindicar a implementação de políticas públicas visando sua prevenção e erradicação.
De acordo com cifras oficiais, no ano passado, 2.559 mulheres latino-americanas e caribenhas foram mortas, vítimas de feminicídio.
Se a estes dados, considerarmos também os de outros quatro países da região, que só registram os feminicídios cometidos por seus cônjuges ou ex-cônjuges, o número total passa a ser de 2.795 mulheres assassinadas.
Dos 25 países com as taxas mais altas de feminicídio no mundo, 14 são latino-americanos.
Assustadores 98 por cento dos homicídios cometidos na América Latina e relacionados com a mulher não são considerados feminicídios, e ficando também muitas vezes impunes.
“O feminicídio tira a vida de 12 mulheres diariamente na América Latina”, é o que afirma a vice-secretária geral da ONU, Amina Mohammed.
A Argentina contabilizou só no primeiro semestre de 2018 um total de 139 feminicídios, ou seja, mais de cinco assassinatos de mulheres por semana, segundo informa o Observatório de Feminicídios do Defensor del Pueblo de la Nación.
Foi na Argentina que se criou o movimento social e feminista “Nem uma a Menos”, que já cruzou fronteiras em sua luta contra todos os tipos de violência de gênero.
No Uruguai, cuja população apenas supera os 3.500.000 habitantes, foram registrados até agora 19 feminicídios, durante este ano de 2019. É importante lembrar que só em 2017 os assassinatos de mulheres passaram a ser legalmente tipificados como feminicídios.
Em outubro deste ano, o Instituto Nacional da Mulher, a ONU Mulheres Uruguai, a Rede Uruguaia Contra a Violência de Gênero e o Ministério do Interior impulsionaram uma campanha midiática para dar visibilidade a esta problemática.
Denominada “Obituários de gênero”, a campanha mostra os nomes das 19 mulheres assassinadas nos primeiros 9 meses do ano, em mãos de um familiar, cônjuge ou ex-cônjuge.
O Uruguai é o primeiro país em instrumentalizar a difusão desta campanha, que será levada adiante também em outros países da América Latina.
Apesar da adoção de uma bateria de leis pioneiras, de campanhas de conscientização e da mobilização em massa dos movimentos sociais, a violência contra as mulheres persiste na região, devido à impunidade e a um clima de permissividade social, afirmam os responsáveis e especialistas.
O lema da campanha de 2018 é “Pinte o Mundo de Laranja: #MeEscuteTambém”.
No dia 25 de novembro, deu-se início no mundo inteiro aos 16 dias de ativismo, que se estende até o dia 10 de dezembro de 2018, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Durante estes 16 dias, haverá muitos eventos, entre eles “vestir” edifícios e monumentos públicos emblemáticos com a cor laranja, para todo mundo se lembrar da necessidade de eliminar do planeta a violência contra a mulher.