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Ato de assunção de dirigentes da Contratuh

Sua arma, seu voto!

No dia 6 de dezembro passado, em Brasília, assumiu a nova diretoria da Confederação Nacional de Trabalhadores de Turismo e Hospitalidade (Contratuh) para o próximo quinquênio. Entre os convidados, esteve presente Paulo Paim, senador federal do PT.

Há mais de cem anos Manuel Gonzalez Prada, pensador, poeta e anarquista peruano, definia de modo categórico a corrupção imperante no país: “Onde metemos o dedo, sai pus”.

Poderíamos citar esta mesma máxima para representar a situação do Brasil, com a diferença de que já nem é preciso meter o dedo”.
O descaramento oficial e o seu frenesi mafioso afundaram o país num lamaçal de corrupção tão profundo que não tem precedentes.

Entre os parlamentares livres de culpa e protagonistas das inúmeras batalhas contra o “delito de lesa-pátria” cometido por uma maioria inescrupulosa e voraz, está Paulo Paim.

Em seu discurso perante a direção da Contratuh, o senador desenvolveu uma oratória vibrante, ovacionada pelo público.

A Rel reproduz a seguir suas passagens mais notáveis:
 “(...) Para mim é uma honra estar neste ato. A Contratuh sempre esteve na trincheira da defesa dos direitos trabalhistas e seu presidente Moacyr, que é um amigo de muitos anos, mostra uma vez mais que não foge à luta aceitando o desafio de liderar esta confederação nos próximos cinco anos.

Também quero saudar a UITA não só pelo seu trabalho no Brasil durante tantos anos, mas também em toda a América Latina.
(...) Confesso que sinto enorme indignação e rejeição contra o que está acontecendo em meu país. É muito grave. Em um ano e meio, estão conseguindo retirar de nossas vidas o que conquistamos ao longo de muitas décadas, de Getúlio Vargas até hoje.

Com relação ao imposto sindical, eu nunca tive problemas em que fosse descontado de forma obrigatória. Não entendo por que alguns, com discursos infantis, passaram a se posicionar contra o imposto sindical.

A meu ver, é justo que os trabalhadores possam ter acesso a esse dinheiro para poderem lutar a favor de todos os trabalhadores, urbanos e rurais.

Como vai ser possível fazer política sindical sem recursos econômicos?
Por isso, tenho o orgulho de dizer que há 9 anos, quando eu já sabia como vinham as coisas, aprovamos a contribuição social para garantir a existência dos sindicatos. Agora, há que exigir da Câmara a sua aprovação, porque o Senado já aprovou. Esperemos que não seja vetado.

Se vocês, trabalhadores e trabalhadoras, precisarem de mim, tenham a certeza de que falarei com cada deputado para aprovarem de uma vez a contribuição assistencial, mais que legítima, para todas as organizações sindicais.

Essas malditas reformas
Atos de covardia

Também quero dizer que a reforma trabalhista aprovada, foi um enorme ato de covardia. Como exemplo, citemos o caso do trabalho intermitente.

Com esse maldito trabalho intermitente, o trabalhador poderá trabalhar apenas 17 horas por mês, ou seja, 3 horas por dia. Nesse caso, ele não só terá que pagar a sua previdência social como ainda ficará devendo horas para se aposentar.

Outro exemplo que eu gosto muito de mencionar é o do trabalho autônomo exclusivo, que surge também desta maldita reforma.

O empregador sempre disse que por cada mil reais que paga ao trabalhador, outros mil reais vão para o Estado em impostos e tributos.

No contrato autônomo exclusivo quem paga as contribuições são os trabalhadores.

Agora imaginem que este trabalhador ou trabalhadora ganhe mil reais por mês: pagará também mil reais de contribuição à Previdência Social? Ou seja, qual será o salário do trabalhador no final do mês? Zero.

Essa é a realidade vivida hoje por todos nós.

Como se fosse pouco, agora querem aprovar a reforma da Previdência Social. E a propaganda mentirosa veiculada na televisão, usando artistas famosos, diz que ninguém vai perder nada com essa reforma.

Como não vão perder nada, se uma mulher que antes se aposentava com 30 anos de contribuição agora vai precisar de 40 anos? E se quiserem se aposentar por idade, o homem se aposentará com cinco anos mais e a mulher com sete anos mais!

Como não perdem nada?
Obviamente, os trabalhadores rurais também serão profundamente afetados.

Quando concluí os trabalhos da CPI da previdência social, percebi que se não tivessem desviado o dinheiro para outros fins, hoje teríamos nos cofres públicos da Previdência uns 4 trilhões de reais, considerando só 20 anos.

A CPI mostrou que anualmente 30 bilhões de reais são retirados dos trabalhadores e não vão para a Previdência.

Na CPI, telefonei para os maiores devedores de todas as áreas, entre eles frigoríficos e bancos, e sabem o que me diziam? “Devo, não nego, mas também não pago”. E aí depois vem o Congresso e perdoa as dívidas deles”.

Por isso, vou dizer aqui uma coisa para o Michel Temer: tenha um mínimo de decência e tire as suas garras de cima da Previdência Social, que não é sua nem dos banqueiros, mas do povo brasileiro.

A luta continua
“Não passarão”

Vamos ter muito trabalho daqui para frente. Independentemente de minha idade, eu estou totalmente preparado para o combate. E eles sabem.

Tentaram aprovar na semana passada um artigo vergonhoso para eliminar o direito às cotas no trabalho para pessoas deficientes. Tivemos que fazer muito barulho e não aprovaram.

Pretenderam aprovar o artigo em várias oportunidades e eu não permiti. E disse que, no Natal, quando estiverem ceando com suas famílias, se lembrem de tudo o que fizeram contra o povo brasileiro, seja com a reforma trabalhista, seja retornando com o trabalho escravo, seja agora mesmo com esse projeto que quer atirar nas pessoas com deficiência, que quer sacrificá-las.

Não atirem covardemente contra as pessoas com deficiências. Atirem em mim! Venham! Atirem em mim! Mas, contra as pessoas com deficiência? Isso é um crime contra a humanidade.

Para concluir, saibam que eles não têm os 308 votos necessários na Câmara de Deputados, nem os 49 votos do Senado para aprovar a reforma da Previdência Social. E não adiantará conseguir votos com propinas, porque essa reforma não passará.

Eles trabalham apenas dois dias, porque todos sabemos que lá só trabalham terças e quartas. E quero ver se nestes dois dias vão conseguir os votos suficientes para terminar com a aposentadoria do povo brasileiro, entregando também esse patrimônio econômico para a iniciativa privada.

Quero ver os deputados e senadores votarem nesta reforma e depois pedirem nas ruas o voto dos trabalhadores.
Parabenizo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que em todas as suas igrejas vai denunciar quem votar a favor dessa reforma, fazendo campanha para que essa reforma não passe, informando quem são os traidores do seu povo.

Espero que todas as igrejas se unam para informar aos seus fiéis sobre quem são os que votaram para que estes nunca mais retornem ao Congresso Nacional.
A revolução maior de quem defende a paz e a democracia é a revolução do voto!

Sua arma, seu voto!

Devemos votar apenas em homens e mulheres que representam o nosso povo e a nossa gente. Não naqueles que estão a serviço dos banqueiros e dos empresários.

Chegou a hora de mudar esse Congresso e esse Executivo, de escolher um presidente decente, uma maioria decente no Congresso Nacional, porque esta maioria é indecente.

Eles sabem que são indecentes. Eles sabem.

E ninguém vai nos calar. Se a ditadura não nos calou, menos ainda um governo que não consegue nem dois por cento de aprovação popular.

Companheiros e companheiras: em 2018, com mais força, de baixo para cima!
Estamos prontos para a nossa colheita!

Longa vida ao povo brasileiro!

Em que pese esses indecentes, voltaremos!