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Pelo fim das terceirizações

O Sindicato dos Trabalhadores da empresa Maltería Uruguay, subsidiária da transnacional AB-Inbev, luta desde 2015 para acabar com a terceirização de pessoal na linha de produção. Sem grandes avanços, na sexta-feira, 27 de outubro, o sindicato se declarou em conflito.

Depois de várias reuniões, por quase dois anos, o Sindicato apresentou um relatório notificando a empresa do número de trabalhadores terceirizados cumprindo tarefas dentro do processo produtivo. Com essa informação, solicitou-se a incorporação dos mesmos ao quadro de funcionários da empresa.

“Inicialmente, conseguimos que a metade dos trabalhadores terceirizados passassem a fazer parte do quadro de funcionários da Maltería Uruguay, entretanto queremos que todos os que trabalhem há tempos na linha de processo produtivo também sejam incorporados”, informou Enzo Guerra, vice-presidente do sindicato.  

De acordo com as informações dos dirigentes sindicais, são seis os trabalhadores terceirizados que estão em condição de serem incorporados. O Sindicato começou a aplicar medidas de força para a empresa rever sua situação.

“Os companheiros que carregam e descarregam a cevada dos barcos são os primeiros e os últimos patamares da cadeia produtiva, entretanto a empresa insiste em tratá-los como pessoal de limpeza, para assim poderem terceirizá-los”, disse o delegado sindical Lucas Bornisich.

Indo ao pé da letra com a empresa
Só limpeza

“No contrato feito com estes trabalhadores podemos ver uma grande contradição, já que a Ambev paga à empresa prestadora não só por seus serviços de limpeza, mas também por serviços de carregamento e de descarregamento”, disse Guerra.

Na sexta-feira, 27 de outubro, o sindicato decidiu não permitir a contratação de mais nenhum trabalhador terceirizado, enquanto os trabalhadores já existentes não forem incorporados; tampouco serão realizadas horas extras e o pessoal de carregamento e descarregamento suspendeu suas atividades.

“Neste momento, temos um barco para descarregar e como para a empresa estes seis companheiros realizam apenas tarefas de limpeza, é o que farão. Consequentemente, o descarregamento da cevada sofre um atraso de vários dias”, informou Raúl Cameroni, presidente do Centro Sindical.

Trabalhando a meio vapor
Até a Ambev ceder

 “Estão trabalhando a meio vapor – continuou – e isso está gerando altos custos para a empresa, porque um barco que antes descarregava em dois dias, agora demorará cinco”.

Os dirigentes afirmam que a empresa ainda não se manifestou, desde a implementação destas medidas. Entretanto, a previsão é de que no correr desta semana nos procurem para negociar.

“O diálogo sempre esteve aberto, mas como não conseguíamos avançar neste ponto, começamos a nos mobilizar para pressionar a Ambev a considerar a incorporação destes trabalhadores ao quadro da empresa, principalmente considerando as dimensões e o enorme lucro obtido por uma multinacional como esta”, alertou Cameroni.

Os trabalhadores terceirizados não contam com os benefícios obtidos pelos convênios coletivos, como o 13º e o 14º salários, os prêmios por produção e o direito a um plano de saúde.

Estamos lutando para todos terem as mesmas condições de trabalho e os mesmos benefícios. Trata-se de companheiros que há 4 ou 5 anos executam a mesma função, sendo que a nossa legislação nos ampara”, lembrou Guerra, referindo-se à Lei 18.251 sobre terceirizações.