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Com Artur Bueno de Camargo

O antissindicalismo como denominador comum

O presidente da CNTA conversou com a Rel sobre a reunião realizada no dia 8 de julho, entre representantes da CONTAC e da CNTA e os dirigentes da sua base sindical na empresa francesa Lactalis. “Sabíamos do comportamento antissindical da Lactalis, mas eu, pelo menos, não fazia a mínima ideia da gravidade da situação no país”, disse Bueno de Camargo.
Artur Bueno de Camargo | Foto: Gerardo Iglesias

-Como você avalia a reunião das organizações que representam os trabalhadores e as trabalhadoras da transnacional Lactalis no Brasil?
-Foi muito positiva e importante, porque nos reunimos com representantes sindicais de diferentes regiões do país. E, para minha surpresa, todos apontavam nas mesmas direções: o antissindicalismo da transnacional francesa e o desconhecimento das organizações sindicais como política comum.

Também denunciaram que a empresa busca desacreditar os sindicatos, tomando decisões unilateralmente, e assim, ignorando-os por completo.

Sabíamos do comportamento antissindical da Lactalis, mas eu, pelo menos, não fazia a mínima ideia da gravidade da situação no país.

-É um panorama muito semelhante ao que foi analisado em termos globais na videoconferência organizada pela UITA no dia 14 de abril…
-Certamente. Nessa ocasião, quando nos reunimos com os nossos companheiros europeus, especialmente com os franceses, país de origem da Lactalis, todos expressaram haver uma postura marcadamente antissindical na empresa.

Vale destacar que, no Brasil, esta empresa emprega cerca de 6.000 trabalhadores e trabalhadoras, faturando em média 3,5 bilhões de reais (686 milhões de dólares). Portanto, como organizações de trabalhadores não podemos permitir esse tipo de abuso e essa falta de respeito aos trabalhadores.

Estamos em meados de julho e até agora a negociação salarial não avançou, porque a empresa oferece apenas um reajuste com base na inflação.

-Que medidas foram tomadas após esta reunião nacional?
-Decidimos, em conjunto com a CONTAC, enviar um comunicado à gerência da Lactalis Brasil onde exigimos da empresa definir se abrirá ou não um diálogo com os sindicatos.

Se a empresa insistir na negativa, vamos nos mobilizar, paralisaremos as atividades e denunciaremos essa situação com a ajuda da UITA internacionalmente.