Condenar o nazismo é a argumentação mais fácil do mundo. Regime grotesco e assassino, o terceiro reich matou 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, além de toda sorte de minorias por toda a Europa.
Por isto, intriga a disposição de Alvim ao mencioná-lo. O secretário aparece até confortável no vídeo em questão, durante a citação do ministro das Comunicações de Hitler, Joseph Goebbels. Tal “liberdade e conforto”, no entanto, estão longe de ser gratuitos.
Bolsonaristas propagam uma espécie de crítica ao “politicamente correto”. Atacam o movimento negro, feministas e o movimento LGBT, utilizando o argumento capenga da meritocracia.
Sob o manto de um tal “anti-vitimismo”, pregam que as minorias devem se curvar à maioria e progredir na sociedade por seus méritos pessoais, ignorando todo o contexto histórico adverso. Negam políticas compensatórias.
Machismo, misoginia, racismo e homofobia, desta forma, são justificados por um discurso revisionista, que no fundo mira os movimentos sociais. Torna-se política de Estado, política pública, que afronta artistas, professores, intelectuais, cientistas e ambientalistas. Ameaça a política de cotas. Traz retrocesso civilizatório.
Alvim, utilizando retórica agressiva, apenas deu um passo a mais no sentido do “politicamente incorreto”. Apostando num governo descompromissado com a opinião pública, pouco se distanciou do ideário bolsonarista, no que tange a uma “cultura nacional”. Que tem profundas raízes fascistas.
Que dizer de um chefe de Estado que exalta notórios torturadores, a exemplo de Carlos Alberto Brilhante Ustra, nas palavras do presidente “o terror de Dilma Roussef”? Menção infame, já que Dilma foi torturada exatamente por Ustra.
Alvim foi demitido especialmente pela pressão da comunidade judaica. Tímido, Bolsonaro citou apenas um “comentário infeliz” na justificativa da demissão. Mesmo Moro, que por sua vez considerou “bizarro” o pronunciamento, se omitiu em acusar Alvim pelo crime de apologia ao nazismo.
Quanto ao chefe de Estado, seja ironizando o peso dos quilombolas, chamando mulheres por “vagabundas”, mandando jornalistas calarem a boca, sua mensagem sempre foi do mais profundo desrespeito aos direitos humanos.