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“Não queremos mais trabalhadores doentes na Nestlé”

Há vários anos, o sindicato da Empresa Centro-Americana de Produtos Lácteos SA (PROLACSA), de propriedade da Nestlé, alerta sobre a situação de dezenas de trabalhadores e de trabalhadoras que padecem de doenças crônicas, provavelmente relacionadas com patologias musculoesqueléticas.

Fausto Peña, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores de Produtos Lácteos SA (SIMPROLAC), explicou para A Rel que a empresa já chegou a ter quase 50 trabalhadores/as afetados.

“Durante anos, a Nestlé pressionou as pessoas doentes para renunciarem ao trabalho em troca de uma compensação financeira. No ano passado, cerca de 40 trabalhadores/as aceitaram o acordo”, disse Peña.

Atualmente, existem aproximadamente de 10 a 15 pessoas que não aceitaram a proposta da patronal, seja por considerá-la pouco atraente economicamente, seja por medo a ficarem sem condições de subsistência, por se verem, ao estarem doentes, impossibilitados de encontrar outro trabalho.

Entendemos perfeitamente o medo destes companheiros. Não é fácil renunciar a um trabalho em troca de certa quantidade de dinheiro, principalmente quando as pessoas ainda são jovens e sabem que ninguém vai contratá-las”, informou o dirigente sindical.

Diante desta situação, o Sinprolac tem trazido várias propostas para a comissão mista de higiene e segurança no trabalho.

“Há que reconhecer que a empresa investiu recursos para melhorar as condições ambientais de trabalho, entretanto há situações onde o ritmo de trabalho e a pressão física e psicológica ainda nos preocupam muito”, manifestou Peña.

O dirigente também explicou que as novas máquinas instaladas pela Prolacsa são muito mais rápidas que as anteriores, impondo ritmos mais acelerados aos trabalhadores/as, causando um estresse maior no trabalho.

Além disso, fica evidente que há uma redução drástica também nos tempos de descanso.

A saúde não se vende
Não mais trabalhadores doentes!

“Existe uma máquina que produz 80 saquinhos de leite por minuto, e há três trabalhadores que devem armar e encher cada caixa com 25 saquinhos. Isso quer dizer que cada trabalhador/as tem 20 segundos para fazer todo o trabalho, e mesmo assim não é suficiente.

É um ritmo muito acelerado, com uma pressão muito severa que afeta o trabalhador/a, ainda mais quando se trata de pessoas que já possuem doenças musculoesqueléticas.

Para pior, a Nestlé vem reduzindo o seu pessoal, redistribuindo funções e aumentando a carga de trabalho. Como resultado disto, há mais pressão física e psicológica no trabalho”, alertou Peña.

O dirigente sindical disse que situações parecidas acontecem também nas outras áreas da empresa, além dos escapamentos de gases nos setores de conservação de alimentos.

“Vamos continuar lutando para velar pelo bem-estar do trabalhador/a. A empresa deve diminuir os ritmos de trabalho e a pressão sobre as costas do trabalhador.

Não queremos ter, dentro de alguns anos, outra grande leva de trabalhadores doentes. A luta constante do sindicato é para que as mazelas do passado não mais se repitam”, concluiu Peña.