“Este governo com suas medidas econômicas e as reformas do Trabalho, da Previdência e Fiscal aumentarão ainda mais a distância entre os mais ricos e os mais pobres.
Inspirado no modelo aplicado na Argentina durante a década dos anos 90, este governo se utiliza de ajustes e mais ajustes, de recortes de gastos na área social, de redução dos postos de trabalho, de uma inflação descontrolada, e de tetos para as negociações coletivas”, disse.
Com relação aos que hoje condenam as políticas de governo recentemente assumidas pela CGT, Terny avaliou que o movimento operário da Argentina nunca soube distinguir entre adversário e inimigo.
“A situação que hoje estamos vivendo é consequência da ambivalência de parte importante do movimento operário argentino em suas posturas, porque não sabem reconhecer a diferença entre adversário e inimigo. Tanto é assim que, por diferenças e desacordos com o governo anterior, resolveram apoiar este governo, com a esperança de que uma mudança ocorresse”, assinalou.
“Agora estamos todos sofrendo por isto, porque é claro que este governo trouxe mudanças: estão sendo favorecidos os setores mais poderosos em detrimento dos que menos possuem”.
Para Terny, o projeto de reforma trabalhista, alavancado pelo Executivo e que quer uma mudança nas relações entre empregador e empregados, não só coloca em xeque-mate o modelo argentino de negociação por setor de atividade, como dá um tiro no pé de todos aqueles dirigentes sindicais e trabalhadores que apoiaram a eleição de Macri.
“Agora os dirigentes já estão percebendo que este governo não é o que prometia. Levaram foi um baita tiro no pé. Aliás, o tiro estava pensado para acertar um pouco mais acima”, ironizou.
Para Terny, o escândalo envolvendo o ministro do Trabalho Jorge Triaca é um claro exemplo do que o governo de Macri representa. O caso se refere a uma empregada doméstica que sofreu insultos, irregularidades em sua contratação, e ainda foi sumariamente demitida.
“Este episódio demonstra a falta de autoridade moral deste governo, que por um lado combate o trabalho ilegal e por outro tem como ministro do trabalho uma pessoa com esse histórico.
Um governo que demonstra carecer de ética e que seu único argumento é o da herança recebida, que em vez de melhorá-la, pioram”.
Por outro lado, Terny alerta que o distanciamento dos dirigentes sindicais das bases ao longo dos anos dificultou uma resistência mais efetiva contra as reformas alavancadas pelo governo, que afetarão negativamente os trabalhadores/as argentinos/as.
“É imperiosa a unificação do discurso com a ação, bem como lutar pelos interesses coletivos da classe trabalhadora, sem deixar os interesses pessoais pesarem mais.
Se conseguirmos superar isto, vamos poder enfrentar o que vier daqui pra frente”, finalizou.