Brasil | SAÚDE | FRIGORÍFICOS

MPT interdita frigorífico em Venâncio Aires

Foram interditadas máquinas que ofereciam grave risco aos trabalhadores da planta

O frigorífico Kroth, com sede em Venâncio Aires, foi interditado pela força-tarefa liderada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) que monitora as condições de operação das unidades no Rio Grande do Sul.

A ação ocorreu na noite de quinta-feira passada (13) na planta que abate 250 bovinos por dia. A suspensão das atividades ocorreu devido a riscos à segurança dos trabalhadores oferecidos por máquinas em todos os setores de processamento da matéria-prima, informou o MPT.

A direção do frigorífico confirmou que terá de fazer ajustes. O Kroth tem fiscalização do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) e abastece o mercado consumidor gaúcho e em Santa Catarina.

Na nota enviada à imprensa, o MPT informa que fez a «interdição imediata de 17 máquinas, setores e serviços, acompanhado de laudo técnico (total de 41 páginas), devido à condição de grave e iminente risco à saúde e à integridade física dos 353 trabalhadores».

A interdição foi realizada por auditores da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), ligada ao Ministério da Economia. Segundo o diretor da unidade Fábio Kroth, os ajustes para atender aos quesitos de segurança estão sendo providenciados desde essa sexta-feira (14).

Na noite de quinta, quando foi feita a interdição, foi permitida a conclusão do processamento das carcaças que haviam sido abatidas no dia. Parte foi armazenada. Um dos setores que teve irregularidade apontada pela força tarefa foi justamente o de expedição, que faz o despacho dos produtos para o mercado.

Nessa sexta-feira e possivelmente até esta segunda-feira (17), os abates continuarão suspensos. A ativação da atividade dependerá das condições que foram demonstradas aos fiscais.

Também foi agendada audiência em 15 de julho, em Santa Cruz o Sul, quando a empresa dará resposta sobre a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), cujo teor já foi apresentado pelo MPT ao frigorífico.

Além das questões ligadas à segurança de máquinas e adequação à norma regulamentadora (NR) 36, específica para frigoríficos, também está sendo apurado o elevado número de acidentes de trabalho que não teria sido notificado por meio de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

O órgão indicou que seriam 224 casos. O diretor contrapõe negando que haja o nível de acidentes e alegando ainda que há um caso apontado pela força-tarefa que seria de um funcionário que já tinha uma doença antes e entrar na empresa e que está internado para tratamento.

Sobre o impacto da interdição, Kroth diz que terá agora que » convencer os clientes de que foi um caso atípico e que não vai se repetir». A força-tarefa dos frigoríficos gaúchos, iniciada em 2014, somou 53 operações, incluindo a do Kroth.

Foram 42 novas inspeções e 11 reinspeções, atingindo unidades que têm cerca de 41 mil empregados, 82% dos trabalhadores do setor, diz o MPT. Interdições de máquinas e atividades paralisaram 18 plantas em vistorias com participação de auditores fiscais.

A ação integra o Programa do MPT de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos que «busca reduzir as doenças profissionais e de acidentes do trabalho, identificando os problemas e adotando medidas extrajudiciais e judiciais», esclarece o órgão.