Fotos: Gerardo Iglesias
Em maio de 1989, começou a produzir cerveja. O produto, tipo Pilsen, superou todas as expectativas, registrando boa receptividade em um mercado cervejeiro por excelência, como o brasileiro.
Em 2003, a Schincariol lançou uma nova cerveja, contratando então a agência Fischer América, a mesma que criou para a concorrência o slogan “Brahma: a Número 1”. Esta nova estratégia publicitária gerou grande expectativa, pois durante um mês não foi revelada a marca.
Na campanha da “Nova Schin”, apareciam vários artistas famosos da Rede Globo de TV que, com uma cerveja na mão, exclamavam: “Experimente” Experimente!”.
A campanha contou também com a participação do carismático sambista carioca Zeca Pagodinho, com um sucesso tão surpreendente que a Schincariol registrou em 2003 o melhor desempenho em seus 65 anos de história.
Depois, o artista surpreenderia a todos ao realizar um comercial para a Brahma, onde “se arrependia” por meio de um ‘single” (“Amor de verão”), cujo refrão dizia: “Fui provar outro sabor, eu sei, mas não largo meu amor, voltei”, provocando um grande escândalo midiático e várias ações na justiça.
Comenta-se que toda esta situação favoreceu a Schincariol que, longe de se amedrontar, continuou com um marketing muito agressivo, contando para isto com artistas como a cantora Ivete Sangalo e o percussionista e compositor Carlinhos Brown, ambos baianos.
Em 2011, a japonesa Kirin adquiriu o controle da Schincariol por 3,5 bilhões de reais. Com 15 fábricas no Japão, a Kirin, integrante do conglomerado Mitsubishi, foi líder do mercado japonês por muitos anos, além de ser distribuidora de marcas internacionais como a Heineken.
No Brasil, a carteira da transnacional mexicana incluía a Kaiser, a Bavaria, Xingu, Sol e a Summer Draft.
O Brasil ocupa o terceiro lugar como maior produtor de cervejas do mundo, e a mesma posição no mercado de cervejas, com uma população de cerca de 200 milhões e um consumo anual per capita de 65 litros.
Com a aquisição da Schin, a Heineken passou a registrar, no mercado nacional, um aumento em sua participação de 9,4 para quase 19 por cento. Em 2010, o Brasil ocupava o 17º lugar no ranking global da empresa, e hoje é o quinto.
No Brasil, vários setores da produção e da distribuição de bens estão em mãos de poderosos oligopólios, que inclusive se valeram dos fundos públicos para sua expansão dentro e fora das fronteiras.
Por outro lado, o sindicalismo mostra dados alarmantes. Há no país mais de 24 mil organizações sindicais. A metade nunca assinou uma convenção coletiva.
Segundo o Ministério do Trabalho, existem nove centrais sindicais. Alguns analistas coincidem que 80 a 85 por cento dos trabalhadores e trabalhadoras não estão sindicalizados.
Se, ao que foi dito anteriormente, incluirmos a situação de maior precarização e menor condição de defesa dos trabalhadores, e se a legislação vier a ser modificada pelo Congresso, cooptado e a serviço dos que mais têm e podem, a situação será absolutamente alarmante.
¹ Empresas transnacionales: impactos y resistencias. Pedro Ramiro e Erika González (Ecologista, nº 77, junho de 2013)
Tradução: Luciana Gaffée