-Qual é a situação da Federação com relação às mulheres sindicalistas?
-Apesar de sermos uma organização relativamente jovem, temos um objetivo muito claro.
Acreditamos firmemente na importância das mulheres para os sindicatos e estamos a caminho da paridade dentro da FETAR. Sem as mulheres, o movimento sindical perde 50 por cento de sua força e luta.
Também nos concentramos numa forte defesa dos direitos dos assalariados e assalariadas rurais.
Nucleamos 190.000 trabalhadores e trabalhadoras do campo e, apesar de todas as adversidades que sofremos com estes últimos governos, estamos conseguindo manter uma administração séria e organizada, o que nos permite resistir aos ataques diretos ao movimento sindical.
Estamos lutando junto com a CONTAR nacionalmente, com mais de quatro milhões de assalariados e assalariadas rurais.
Nossas bandeiras de luta são salário digno, ambientes de trabalho saudável, defesa do setor e geração de políticas públicas para combater a informalidade, o grande monstro que ronda o campo brasileiro.
O "desmonte" da legislação trabalhista aumentou a informalidade de forma preocupante.
Muitos empregadores estão se valendo da desinformação sobre a Previdência Social e do medo dos trabalhadores de não conseguirem emprego, para não fazerem as contribuições correspondentes à previdência social.
-Quantos trabalhadores rurais você acha que estão nessa situação no Rio Grande do Sul?
-54 por cento do total. Eles estão em um estado de terrível de informalidade, de desamparo completo, porque quando precisam da Previdência Social, em caso de acidente, de doença, ou de gravidez, não têm direito a nada.
E estamos caminhando para um cenário cada vez pior porque o governo procura desencorajar as contribuições para a Previdência Social pública, incentivando os trabalhadores e trabalhadoras a migrarem para um sistema de previdência privada.
A FETAR tem convenções coletivas com as patronais do setor que garantem contribuições e salários por categoria que fazem com que a renda dos trabalhadores rurais seja maior do que o mínimo nacional.
-Muitos problemas de saúde e segurança são detectados no trabalho de vocês?
-Nós somos trabalhadores de uma fábrica a céu aberto, sujeitos às intempéries e à imprevisão do tempo.
Além disso, há o uso crescente e indiscriminado de agrotóxicos nas plantações e o de produtos químicos na pecuária, nos obrigando a estarmos sempre atentos às nossas condições de trabalho.
Aliás, no Rio Grande do Sul temos uma taxa muito alta de acidentes de trabalho devido à falta de equipamentos de proteção ou de treinamento para o uso de máquinas agrícolas.
Já progredimos em parcerias com outras organizações, como o Ministério Públicos e a Secretaria da Educação e da Saúde, para executar uma campanha de prevenção contra acidentes de trabalho. Também anexamos todas essas questões às convenções coletivas.
Em Santana do livramento, Gerardo Iglesias