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Mais um dirigente é morto a tiros

Epidemia de assassinatos no campo brasileiro

O Brasil há anos é um país tóxico para as lideranças camponesas que lutam pela terra. Na semana passada, Márcio Matos Oliveira, um dos dirigentes nacionais do Movimento Sem Terra (MST) e integrante do PT, foi assassinado na propriedade rural em que ele morava, na cidade de Iramaia, sudoeste da Bahia, por “desconhecidos” diante de seu filho de seis anos.

O dirigente popular, integrante do PT e da direção nacional do MST, e secretário de Administração do município de Itaeté, foi baleado em sua casa por dois homens de moto.

“Não temos suspeitas sobre os motivos que levaram ao crime. A meu ver, ele não vinha recebendo ameaças de ninguém nem tinha participado das recentes ocupações de terras feitas pelo MST”, disse o coordenador desse movimento na Bahia, Evanildo Costa.

A única coisa que ele fez foi manifestar seu apoio ao Lula, denunciando perseguição política ao PT e ao ex-presidente, dias antes de a justiça condenar Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com pena aumentada.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Bahia vinculou o assassinato ao acirramento político-ideológico por conta de Márcio do MST ter se posicionado contra a condenação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Claudio Dourado, coordenador da CPT na região do Centro Norte da Bahia, acredita que este homicídio “foi motivado por questões político-ideológicas, já que Marcio era muito atuante e combativo nessas questões”.

 “Marcio do MST era conhecido pela firme luta em defesa da igualdade social”, disse Rui Costa, governador da Bahia, sobre o dirigente assassinado.

Em relatório divulgado pela Comissão Pastoral da Terra, o Brasil é o país mais violento do mundo para os trabalhadores rurais: 65 pessoas assassinadas em conflitos no campo em 2017, muitas vezes com requintes de crueldade. Em 2016, as diversas formas de violência no campo resultaram em 61 mortes. Em 2015 foram 50 pessoas assassinadas em conflitos agrários.

“O que nós estamos vendo é isto: um Brasil que está eliminando, de forma sistemática, pessoas que lutam pela terra, pela água”, dizia o texto.