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Dezesseis trabalhadores resgatados de trabalho escravo em lavouras de arroz no RS neste ano

Duas operações de resgates de trabalhadores em situação análoga à escravidão aconteceram neste ano no município de São Borga-RS, com 16 trabalhadores encontrados em condições degradantes, sem proteção e salário decente.
Foto: PF de São Borja

Segundo o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais, Vanderly Almeida, o primeiro resgate foi no início de janeiro, numa propriedade na fronteira oeste; foram nove trabalhadores, entre eles um adolescente de 15 anos.

Ainda segundo presidente do sindicato, a Polícia Federal e auditores do trabalho, foram ao local da fazenda através de um dos trabalhadores da lavoura de arroz, que prestava serviços para uma empresa terceirizada e conseguiu enviar uma localização, e fez denúncia direta a polícia.

“Nós sempre alertamos e informamos aos nossos trabalhadores nos programas de rádio, sobre o risco de promessas falsas de trabalho. Aqui sempre somos vigilantes com a situação dos trabalhadores, mas ultimamente apareceu empresas terceirizadas que contratam de forma irregular para colheita do arroz, é um absurdo”, afirma Vanderly Almeida do sindicato de São Borja-RS.

No dia 03 de fevereiro, um mês depois do primeiro resgate, os auditores do trabalho e a polícia federal, voltaram a São Borja, através de denúncia do Sindicato, e novamente encontraram situação análoga à escravidão nas fazendas de plantação de arroz no RS.

Nesta operação foram resgatados mais 7 trabalhadores, que estavam sendo mantidos em condições degradantes; sem equipamentos de segurança, aplicação de veneno no arroz de forma perigosa e alojados em locais insalubres e sem condições humanas. Veja as fotos.

Segundo os auditores do trabalho, nessas propriedades de São Borja, os 7 trabalhadores estavam há dois meses trabalhando nessas condições precárias.

O presidente da CONTAR, Gabriel Bezerra, que também é do RS, está acompanhando o caso, e disse que tradicionalmente a região não tinha essa prática de trabalho degradante.

“Depois da reforma trabalhista, tudo que nós denunciávamos, aconteceu; trabalho precário e baixos salários, além de risco de trabalho escravo. Nossos sindicatos estão na base, orientando, denunciando e fiscalizando para evitar, e o Governo precisa intensificar as fiscalizações para evitar trabalho escravo no Brasil”, afirmou Gabriel Bezerra da CONTAR.

Segundo os agentes da PF que realizaram os resgates em São Borja, os trabalhadores estavam alojados em casebres insalubres, os trabalhadores nas duas fazendas faziam a aplicação veneno sem uso de equipamentos de proteção, em situações em que tinham contato com o produto direto na pele ou mesmo o aspiravam por falta de máscaras.

O procurador do MPT-RS que acompanhou o caso, Hermano Martins Domingues, afirmou que os resgatados relataram problemas de saúde por causa do contato com o veneno, incluindo tonturas e desmaios.

O sindicato local de São Borja, Federação dos Assalariados e Assalariadas e a CONTAR estão acompanhando os casos e recebendo denúncias de outros locais de plantação de arroz no RS que tem trabalho degradante.

Os 16 trabalhadores resgatados, foram indenizados levados para os municípios de origem, com todas as despesas custeadas pelos empregados e acompanhados pelos auditores do trabalho.