-Quais são os novos problemas que vocês estão tendo com a Chiquita Brands?
-Chiquita nunca foi uma empresa fácil mas, depois de ter sido adquirida pelos brasileiros, endureceu suas políticas antissindicais e de desrespeito aos direitos trabalhistas. Intensifica sua postura de negar o diálogo, de não ouvir nem falar nada com os sindicatos.
Se o sindicato entrar em alguma fazenda, Chiquita monta todo um espetáculo, chama a polícia, como forma de criar medo nos trabalhadores. É uma atitude completamente hostil.
Se o sindicato aborda alguma determinada situação por meio de uma comunicação oficial para a empresa, adiam a resposta por até dois meses e, quando respondem, é com puro formalismo, sem nenhuma vontade de encontrar uma solução à reclamação, deixando os trabalhadores e as trabalhadoras em uma situação completamente sem defesa.
-As transnacionais brasileiras desenvolveram uma cultura autoritária, soberba e verticalista...
-Sem dúvidas, Chiquita fechou completamente as portas, só nos convocam quando têm algum interesse particular e aí então nos convocam ao Ministério do Trabalho em San José, na capital.
Um claro exemplo desta conduta autoritária e desleal da Chiquita é que decidiram demolir as casas de um só habitante (quitinete) e, quando o sindicato atuou para frear essa medida, a empresa solicitou audiência no Ministério do Trabalho para avisar as autoridades trabalhistas que a empresa estava realizando a demolição.
Quando o correto seria dialogar antes, buscando uma saída com o sindicato e não apenas comunicar uma determinação que afeta diretamente os operários.
Além disso, não nos deixam entrar nas plantações para falar com os trabalhadores e sindicalizá-los...
-Isto é comum no Brasil, tanto no meio rural como nas unidades de produção urbanas, o sindicato não entra...
-Olhe só, agora mesmo temos uma notificação para uma audiência no Ministério, solicitada por Chiquita para falar sobre a entrada nos centros de trabalho.
-Isto acontecia com a administração anterior?
-Não. Antes podíamos entrar nos centros de trabalho para dialogar com os companheiros e companheiras, tínhamos um boletim, promovíamos a sindicalização dos trabalhadores, ou seja, tudo o que implica um trabalho sindical de campo, entretanto esse direito nos está sendo negado.
Obviamente, usam como desculpa a situação sanitária devido à pandemia de Covid-19, e também o surgimento do fungo fusarium nas plantações de banana.
O que a Corporação Bananeira Nacional (Corbana) informa, corporação que reúne os produtores do setor privado, é que há de se tomar algumas precauções de biossegurança, mas de nenhuma maneira não entrar nas plantações.
-Quantas pessoas viviam nos quitinetes que foram derrubados?
-Mais de 200 pessoas foram afetadas sem aviso prévio. Chegaram com a carta de despejo, pretendendo que essas pessoas fossem embora. Obviamente, a maioria não tinha para onde ir, nem condições financeiras para alugar algo, e então aí lhes ofereciam a liquidação monetária por demissão.
Houve muitos companheiros que não tinham outra opção e terminaram aceitando a rescisão.
-Quais ações o sindicato adotará?
-Estamos insistindo em uma reunião com a direção da Chiquita mediante o acordo marco, para finalizar essa instancia. Além disso, entramos com ações judiciais pelas demissões ilegais.
Também buscamos o apoio internacional para divulgar esta situação e particularmente o apoio da UITA, para ter essa reunião com a direção da empresa.
Se não nos atenderem, planejaremos uma campanha de denúncia que envolva os consumidores. Neste sentido há necessidade de mencionar que esta empresa tem certificação Reinforest Alliance. Outra problemática que enfrentamos.