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Carteira de trabalho “verde amarela” esmaga trabalhador

Continua o discurso do novo governo, pela extinção dos direitos que ainda restam aos trabalhadores brasileiros – como, por exemplo, o décimo terceiro, as férias e o FGTS. Voltou à tona a tal carteira “verde e amarela”, ferramenta imaginada pelo presidente Bolsonaro para dar aos patrões um contrato de trabalho atraente, mas que consiste numa verdadeira afronta à dignidade humana.

Paulo Guedes, o ministro da Economia (o tal Posto Ipiranga do Bolsonaro), quer estabelecer a capitalização individual previdenciária para quem for contratado desta maneira.
Além dos direitos trabalhistas reduzidos, quem estiver empregado no sistema viverá drama semelhante ao da população chilena, país onde se adotou tal opção sem muito cuidado com os segurados.

Lá, sem garantia de um valor mínimo, aposentados vivem com valores equivalentes a R$ 500 ou R$ 600 por mês.

O governo brasileiro pretende se render ao Capital mais selvagem, menos social e democrático, elegendo os direitos trabalhistas como culpados pela estagnação econômica atual.

Deturpa a engenharia do valor gasto no contrato de trabalho, caro porque está atrelado à penosa carga tributária. Erra o foco, mirando os mais fracos.

Tudo em meio a uma falsa noção capitalista de liberdade, hipocrisia que sugere ser da escolha do trabalhador, optar em ter mais ou menos direitos. Como se o patrão, livre de qualquer obrigação, fosse contratar empregados pela carteira de trabalho tradicional, uma vez que possui à sua disposição um exército de trabalhadores de segunda classe.

Muito mais baratos, e sem direitos. O empresário já sofre muito com a alta carga tributária brasileira, e para manter o seu negócio, busca lucro de todas as formas.

Bolsonaro e sua equipe econômica dão sinais claros, de que vão cumprir o prometido em campanha, e intensificar a retórica do capitalismo selvagem, para sepultar o contrato de trabalho tradicional, protegido pela CLT.

Tarefa para a qual já contam com apoio da grande mídia, parcela maiúscula dos deputados e senadores, além de uma sociedade narcotizada.

As vozes dissonantes, ao lembrar que o trabalhador em estado de mendicância não consome, e não faz girar a roda da economia, serão ignoradas por este conluio.

O movimento sindical precisa propor à classe trabalhadora e à sociedade um amplo debate sobre o tema. Livre de qualquer posição política partidária. O trabalhador brasileiro precisa acordar para a realidade.

Nas fábricas, no comércio, no campo, na igreja e nas escolas, e ele já está sentindo o gosto amargo da barbárie social. Ao se conscientizar do momento histórico, e rejeitar qualquer redução de direitos trabalhistas, aqueles que querem colocar na conta do trabalhador os custos do país, serão derrotados.