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Com Artur Bueno Junior

A prepotência da Nestlé

Num país afundado na lama, os porcos fazem a festa

Em final de fevereiro de 2018, o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Limeira (STIAL) realizou uma assembleia geral com operários da fábrica da Nestlé para consultá-los, por meio do voto secreto, sobre a contribuição sindical. Para surpresa da organização, a empresa começou a perseguir os trabalhadores favoráveis ao pagamento da mesma.

Artur Bueno Junior, presidente do STIAL, chama a atenção para o fato de uma das disposições da reforma trabalhista é o fim da contribuição sindical obrigatória.

“Agora deve haver uma autorização expressa de cada trabalhador ou trabalhadora. Só que a nova regulamentação não especifica se essa autorização deva ser individual ou não”, assinalou.

Em função dessa ambiguidade, o Sindicato convocou os trabalhadores/as para uma assembleia geral na porta da fábrica da Nestlé, em Limeira, para consultá-los sobre a continuidade ou não da contribuição sindical.

Por meio de eleições secretas, uma ampla maioria votou pela continuidade da contribuição sindical: 188 trabalhadores/as contra apenas 9.

“Entretanto, grande foi a nossa surpresa, quando logo depois da assembleia, a Nestlé comunicou a todos os trabalhadores favoráveis à manutenção da contribuição sindical, que se apresentassem ao departamento de recursos humanos e preencherem uma declaração individual”, disse Bueno.

“Não sabemos o que há por trás desse protocolo, porém percebemos haver certa animosidade ou perseguição contra aqueles funcionários que votaram a favor da contribuição, por considerarem importante a existência da organização sindical”.

Para o dirigente, esta é uma atitude completamente antissindical da Nestlé.

“A questão é séria – adverte – porque viola todos os preceitos de bom relacionamento no trabalho, desrespeitando a vontade da maioria dos trabalhadores e trabalhdoras, que democraticamente defendem as ações sindicais. Além disso, é uma postura da empresa em todo o Brasil, porque isso não acontece só em Limeira”

“Não é justo que a Nestlé tome uma medida deste tipo, enfraquecendo a única ferramenta que a classe operária pode utilizar para se defender e para manter seus direitos. Para isto está a organização sindical”.

Tanto a secretaria geral da UITA junto com a Regional Latino-Americana levarão este caso até a matriz da Nestlé, em Vevey, Suíça. A Felatran também acompanhará essa questão de perto.

“Agradecemos desde já a ajuda que nos estão dando nesta situação bem preocupante.

É preciso que esta denúncia chegue até a Nestlé, para que mudem seu comportamento”, exigiu.