Em 9 de março passado, durante as atividades do Comitê Latino-americano de Mulheres da UITA (Clamu), foi feito o lançamento de uma Campanha Internacional em defesa da NR36, norma regulamentadora das condições de trabalho na indústria frigorífica, por estar ameaçada de sofrer alterações que significam um retrocesso para a saúde das trabalhadoras e dos trabalhadores desse setor.
Nesta sexta-feira, 19 de março, foi apresentada a Campanha no Brasil, com os spots e os carteis que serão usados, visando a que tanto o governo como os empresários não modifiquem a NR36, a não ser para deixá-la ainda melhor.
No painel de expositores, o Dr. Roberto Ruiz, especializado em Saúde no Trabalho, assessor da Rel UITA e um dos ativos participantes da redação da norma, homologada em 2013, reforçou a importância de as pausas de 10 minutos por cada 50 trabalhados serem mantidas.
Jaqueline Leite, do CLAMU, expôs a importância da NR36 para a vida de muitas trabalhadoras brasileiras. “Cabe destacar que 70 por cento da mão-de-obra nos frigoríficos avícolas é feminina, e que têm sido as mulheres as mais expostas a doenças derivadas do ritmo intenso nesta indústria”, disse.
Jaqueline mencionou que havia forte presença das lesões por esforços repetitivos (LER), atingindo principalmente as trabalhadoras dos frigoríficos antes da implementação da NR36, fazendo com que muitas delas não conseguissem usar os braços nem sequer para pegar seus filhos no colo.
“A importância dos 10 minutos de pausa a cada 50 minutos de trabalho é primordial para as mulheres, porque são elas as mais atingidas pelo ritmo excessivo de trabalho”, enfatizou.
“Nós, integrantes do CLAMU, e em solidariedade com as mulheres brasileiras que trabalham nos frigoríficos, vamos apoiar a campanha em defesa da NR36 regionalmente, incluindo-a nesse trabalho que estamos realizando, denominado Mulheres Trabalhadoras em Movimento”, adiantou.
Ao concluir, Jaqueline concordou com as palavras de Gisele Adão, dirigente sindical e trabalhadora de um frigorífico, ao falar sobre esse assunto:
“A NR36 é feminista, me disse a companheira de luta Gisele, e eu tenho certeza que é assim”.