Aos poucos vamos aprendendo a lidar com a política exterior. Nossa única aliança oficial nesse tema são a UITA e a Coprofam*. Temos organizações fraternas em outros países, mas nada formal.
A partir da Coprofam temos estabelecido relações com a FIDA*, um dos poucos organismos multilaterais que estimulam o debate de temas muitas vezes espinhosos através do Fórum de Trabalhadores do Campo.
A Oxfam também é uma antiga organização fraterna com quem temos muito boa relação.
Wiliam Clementino foi nosso secretário de relações internacionais nestes últimos quatro anos e foi aprendendo no exercício e conseguindo boas alianças e trabalhos para a CONTAG.
Um dos pontos que debatemos neste Congresso se refere à eleição de uma nova direção, na sexta dia 17, o que significa que minha gestão como presidente da CONTAG já tem prazo de validade.
Entre nós se encontra o candidato único a substituir-me no comando da Confederação, um jovem pernambucano, da região do Sertão nordestino, a região mais árida do país e cuja história é verdadeiramente emocionante, Aristides dos Santos.
Aristides é um dos dirigentes que chegou a formar parte das denominadas frentes de trabalho, algo que já não existe porque nós conquistamos políticas públicas para o campo.
Na época das grandes secas, grande parte da população migrava para São Paulo e os que ficavam tinham que sobreviver com o pouco trabalho que havia.
Geralmente davam a eles uma enxada e com isso eles tinham que abrir caminhos e rodovias em troca de algum quilo de feijão.
Aristides é fruto desse trabalho. Logo se filiou ao sindicato, posteriormente foi eleito vereador e vice-prefeito de seu município, para chegar logo à presidência da Federação de Trabalhadores da Alimentação de Pernambuco e faz dois anos que nos acompanha na CONTAG. Será nosso futuro presidente e eu assumirei a vice-presidência.
Para a próxima fase tenho duas missões: a primeira de estar junto a Aristides, assessorando-o no que necessite, e a segunda dar continuidade ao trabalho que desenvolveu William nas Relações Internacionais.
Sempre aprendemos muito com a Rel-UITA e devo dizer que cada vez mais necessitamos da solidariedade internacional e é preciso fortalecer nossa aliança e repensar uma nova agenda de trabalho e desafios.
Temos todos os mesmos problemas que são consequência do próprio sistema capitalista, e entre todos devemos contribuir para mudar o rumo da história.
Na abertura do Congresso realizamos uma boa análise sobre a conjuntura que estamos vivendo no Brasil, o que estamos sentindo, o que está acontecendo no nosso país.
O Brasil estava muito bem conceituado no mundo, éramos um país que avançava com a cabeça erguida e agora estamos com a autoestima nos pés pois estamos jogando fora todas as conquistas que tínhamos conseguido.
Lamentavelmente isto não acontece só no Brasil.
Somos testemunhas de uma nova onda neoliberal que vem atacando em vários lugares do mundo e para combatê-la necessitamos de solidariedade, das alianças entre trabalhadores e humildemente quero lhes dizer que gostaria de continuar trabalhando com vocês.