-De fora percebemos que a reforma trabalhista promovida pelo governo anterior, e aprofundada por Jair Bolsonaro, não tem limites, a cada semana surge uma nova medida provisória, um decreto que busca eliminar todos os direitos sociais, sindicais e trabalhistas.
-Desde a gestão de Michel Temer estamos vivenciando um feroz ataque aos direitos trabalhistas, explorando os trabalhadores e as trabalhadoras ao máximo em favor do capital.
Este governo busca, através de medidas provisórias e decretos, acabar com os sindicatos e com qualquer representação sindical. É um mandato vertical, à base de canetaços.
Não são discutidos os projetos de lei, o que se faz é aprovar os desmandos do Bolsonaro. E o Poder Legislativo, que deveria analisar as leis, aprova a maioria dos canetaços em detrimento da classe trabalhadora.
Por outro lado, temos o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), cujas medidas estão alinhadas com o Executivo, demonstrando que não há uma divisão real de poderes. Suas decisões estão alinhadas sempre aos interesses dos mesmos.
Recentemente, foi discutida uma das muitas Medidas Provisórias apresentadas pelo presidente que permite que as empresas negociem diretamente com os trabalhadores sem a intervenção dos sindicatos, e nem dos acordos coletivos emergenciais.
Uma denúncia de inconstitucionalidade foi apresentada, mas a Suprema Corte a rejeitou. Os empresários agora podem negociar diretamente com um trabalhador, que estará sempre em condições totais de inferioridade e vulnerabilidade.
-Até quando o povo brasileiro vai olhar para o lado diante de tanto retrocesso social, tanta injustiça e tanto autoritarismo?
- Acho que esse presidente já deveria ter sido destituído, mas o Congresso o apoia e é por isso que ele ainda está lá. O STF está na mesma posição e a população está polarizada.
Há muitas pessoas que apoiam a gestão de Bolsonaro.
Talvez essa postura absurda e quase criminosa do presidente diante da pandemia do Copvid 19 seja seu calcanhar de Aquiles e que por aí surja uma possibilidade de destituí-lo.
-Sempre falamos sobre a necessidade de nos unirmos e de construir uma frente política ampla para conter esses retrocessos que transcendem o sindicato e que constituem ataques diretos à república, à democracia, ao Estado social de direito.
-Sem dúvida. Desde o início do governo Temer estamos insistindo nisso porque eles não estão só retirando direitos adquiridos dos trabalhadores. Há também um retrocesso nas políticas sociais e de direitos humanos.
Em poucas palavras, a democracia e o futuro do país estão em risco. Infelizmente no Brasil há muita dificuldade em conseguir uma unidade. O movimento trabalhista está atomizado em diferentes centrais, e cada uma olha só para o seu umbigo.
Essa parceria que estamos realizando entre a CONTAC e a CNTA tem seus detratores entre sindicatos filiados à confederação, demonstrando as enormes dificuldades para uma ação conjunta em favor da destituição de Bolsonaro.
A única maneira de lidarmos com tudo isso que está acontecendo e o que está ainda por vir é agirmos em conjunto, aliando-nos entre sindicatos e outras organizações e movimentos sociais. A vantagem que eles têm deriva da nossa desunião.
- Existe a mesma dificuldade nos partidos políticos de esquerda, de centro-esquerda ou democratas?
- Sim, porque seus líderes e representantes não estão dispostos a ceder os benefícios que têm. Não são todos, mas há uma grande maioria agindo assim.
Há pessoas da “esquerda" que foram cooptadas pelo governo e que se movem apenas para conseguirem se manter em seus carguinhos.