La Rel conversou com José Manuel dos Santos (Zezinho), dirigente da Federação dos Trabalhadores, Assalariados e Assalariadas Rurais da Bahia (FETAR-BA), representante dos trabalhadores da região horti-frutícola do Vale do São Francisco.
-Como vocês estão levando essa crise de saúde lá no Vale?
-Estamos cientes de que o coronavírus é altamente perigoso e que as medidas governamentais não foram tomadas em tempo hábil e milhares de pessoas podem ser contaminadas.
Os sindicatos de trabalhadores rurais estão tomando medidas preventivas para evitar um contágio em grande escala dos trabalhadores e trabalhadoras, seguindo as recomendações de órgãos oficiais como a OMS, as secretarias estaduais e municipais e o Ministério da Saúde, como o respeito à distância social para prevenir o contágio.
-Vocês estão dialogando com as patronais?
-Sim, fizemos reuniões com os empregadores do Vale de São Francisco e colocamos isso na pauta de reivindicações que demos a eles na semana passada.
No entanto, já existem várias empresas que estão tomando medidas como garantir a higiene dos transportes, a reorganização dos trabalhadores para manter as distâncias recomendadas, a disponibilização para o pessoal de mais produtos de limpeza e de mais torneiras para lavar as mãos.
Devemos reconhecer esse esforço das empresas.
-Qual é o maior desafio para os sindicatos rurais em tempos de pandemia?
-Exigir de todas as empresas as medidas de prevenção para evitar o contágio e a propagação do vírus, bem como tomar medidas que vão além das recomendadas pelos organismos de saúde.
Nesse sentido, formamos uma Comissão, composta por representantes dos diferentes sindicatos do Vale, que está negociando com os empresários e que foi quem levou a eles a nossa pauta.
Esperamos uma resposta da patronal para ver quais ações implementaremos, já que entre as reivindicações está o pedido para que as empresas evitem aglomerações de funcionários e para isso terão que manter a produção apenas do essencial.
-Os governos locais tomaram medidas?
-Também estamos pedindo que incluam nos decretos municipais e estaduais para a prevenção da pandemia a nossa situação, porque até agora em nossa região estavam considerando a situação de apenas um dos municípios, o de Casanova, que concentra um grande número de trabalhadores agrícolas.
Lá foi estabelecida a criação de um controle para evitar aglomerações nos pontos dos ônibus que buscam os funcionários, que houvesse uma higiene correta das unidades de transporte, que a distância correspondente fosse respeitada nos refeitórios, etc. Teremos que imitar Casanova.
Em Brasília, Carlos Eduardo Chaves