“Em setembro, combinamos com o gerente Adrián Aguilar que voltaríamos a nos reunir para analisar os conteúdos da proposta1.
O que mais nos preocupava era que a reestruturação servisse para flexibilizar mais o trabalho, aumentando os riscos de acidente de trabalho e gerando conflitos entre os próprios trabalhadores.
Finalmente, nos reunimos na terça-feira, 1 de outubro, mas não houve grandes progressos”, disse para A Rel, Osman Salgado, secretário geral do Sinprolac2.
O dirigente sindical explicou que a empresa fez uma apresentação muito similar à anterior, evitando dar uma explicação mais detalhada sobre proposta.
“Como sindicato, precisamos conhecer quais serão de fato as funções anexadas a estes trabalhadores polivalentes, bem como a escala salarial e os perfis destes postos.
Em particular – continuou Salgado – estamos preocupados com o que pode acontecer na área de produção.
Não queremos que a reestruturação leve ao deslocamento e à realocação de trabalhadores e trabalhadoras que já trabalham há 10 ou 20 anos nesta área”, manifestou.
Também não ficou claro se a empresa capacitará os trabalhadores que deverão desempenhar novas funções ou se pretende contratar novos funcionários, descartando o pessoal técnico existente.
As partes concordaram em voltar a se reunir dentro de quatro semanas e a Nestlé se comprometeu a apresentar toda a informação requerida pelo sindicato.
“Deixamos claro que não vamos permitir o deslocamento dos trabalhadores e das trabalhadoras de sua área de trabalho, nem que lhes sejam anexadas mais funções, principalmente se não houver uma readequação salarial”, garantiu Salgado.
Após a reunião de 1 de outubro, o gerente geral convocou o pessoal das diferentes áreas para as reuniões informativas trimestrais habituais.
“Estamos preocupados que o gerente esteja se aproveitando dessas assembleias para tentar confundir os trabalhadores e as trabalhadoras, desprestigiando nosso trabalho em defesa dos direitos trabalhistas e sindicais”, disse Fausto Peña, secretário de Assuntos Trabalhistas do Sinprolac.
Peña lamentou que a Nestlé esteja usando estes espaços para expressar opiniões sobre o sindicato e o convênio coletivo assinado recentemente, intrometendo-se em assuntos que não lhe correspondem.
“Não há por que mencionar o sindicato em suas apresentações. Há um desrespeito pela primeira cláusula do convênio, que promove o respeito mútuo.
O objetivo é sempre o mesmo: nos enfraquecer”, garantiu.
Uma dessas reuniões informativas foi com o pessoal administrativo.
“O gerente abordou vários assuntos. O que mais me preocupou foi quando disse, tomando como exemplo a situação da Nestlé na Guatemala e na Costa Rica, onde o pessoal não está organizado, que não é preciso ter um sindicato para poder operar”, disse Alex Bautista, secretário em Organização do Sinprolac.
“Depois acrescentou que quem não se alinha à forma de trabalho da empresa pode ir embora. Foi um discurso intimidatório e as pessoas se sentiram ameaçadas.
Isso contradiz os próprios princípios corporativos da Nestlé”, afirmou.
Bautista acrescentou que o dirigente sindical mencionou a intenção da Prolacsa (Nestlé) de contratar três operadores novos para lidar com as novas máquinas.
“Continua com seu duplo discurso e não está sendo claro sobre as verdadeiras intenções da empresa.
Precisamos da Rel UITA e da Felatran para denunciar esta situação”, concluiu Osman Salgado.
1 http://www.rel-uita.org/nestle/cualquier-reestructuracion-debe-ser-negociada/
2 Sindicato dos Trabalhadores de Produtos Lácteos SA