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Com Artur Bueno de Camargo

“Em 40 anos de sindicalismo, nunca vi os direitos trabalhistas serem tão atacados como agora”

Quarta-feira, 10 de julho, a Câmara dos Deputados do Brasil aprovou o projeto da Reforma da Previdência, que aumenta para 40 os anos de contribuição, bem como a idade mínima do trabalhador/a para se aposentar. Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação e Afins (CNTA Afins), alertou para o fato de que esta reforma trará um retrocesso social sem precedentes.

“O movimento sindical sempre esteve contra esta reforma, entre outras coisas, porque um dos principais argumentos dos que a defendem é que o sistema de previdência social é deficitário, o que não é certo.

O que acontece é que os maiores devedores da Previdência são em geral os grandes grupos empresariais”. 

Bueno destacou que a solução não é retirar benefícios e direitos do sistema de pensões ou as aposentadorias dos trabalhadores, mas sim fazer com que os grandes devedores paguem.

“Apesar da resistência feita pelos sindicatos, na quarta-feira passada, o projeto de reforma foi aprovado pela Câmara de Deputados. E ao que tudo indica, também o será no Senado. Principalmente, porque o governo de Jair Bolsonaro abriu os cofres públicos, oferecendo dinheiro para os legisladores que votarem a favor da reforma”.

O paradoxo deste processo, disse Bueno, é os defensores da reforma afirmarem que economizarão um trilhão de reais em 10 anos, sendo que tiveram que liberar 5 bilhões de reais em um só mês para os deputados votarem nela.

Para Artur, o principal objetivo desta medida é acabar com a previdência pública.

Um movimento operário adormecido

“A ideia de quem promoveu esta reforma é acabar com a previdência social pública, obrigando os trabalhadores e as trabalhadoras a migrarem para uma previdência privada, e com isso apenas os bancos privados lucrarão”.

O dirigente afirma que todas estas medidas foram muito bem orquestradas, desde o governo de Michel Temer, já com a reforma trabalhista que desestruturou o movimento sindical, deixando-o de pés e mãos atadas.

«Foi tudo muito bem articulado: dizimaram os sindicatos primeiro e depois deram a tacada final com esta reforma, que será nefasta para a imensa maioria da população.

O movimento operário está enfraquecido e com escassa capacidade de mobilização, facilitando o caminho para o governo continuar destroçando os direitos trabalhistas”.

«Em meus 40 anos como sindicalista, nunca tinha visto um ataque tão grande como este aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, duramente conquistados”, destacou.