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Conjuntura política acentua violência contra os povos indígenas no Brasil

Somente nesse fim de semana dois novos conflitos foram registrados no Mato Grosso do Sul e um em Pernambuco.

Lideranças indígenas de diversas regiões do país pedem socorro. Os casos de violência contra os povos tradicionais cresceram em âmbito nacional nos últimos anos. Em clima eleitoral, as violências ganharam força em discursos de ódio e intolerância, praticados também pelo presidente da República eleito neste domingo, dia 28 de outubro, Jair Bolsonaro.

Durante o período de campanha eleitoral e também enquanto Deputado Federal, o candidato do PLS proferiu palavras de racismo, intolerância e incitou a violência contra indígenas e quilombolas. Intimidados, os povos indígenas temem que os ataques e morte registrados nas comunidades neste último mês, em específico nesse fim de semana (27/28), possam legitimar, de fato, o cenário de genocídio na próxima legislatura (2019-2022).

Somente em Mato Grosso do Sul – terceiro Estado mais letal do país para os povos indígenas, com 17 casos de assassinato, segundo dados do Relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados 2017” -, foi palco de dois novos ataques no último fim de semana contra as comunidades indígenas Caarapó e Miranda.

Na madrugada de domingo para segunda (28/29) a única escola e o único posto de saúde de atendimento ao povo indígena Pakararu, na Comunidade indígena Bem Querer de Baixo, em Pernambuco, foram incendiados criminalmente.

O que soma, ainda, ao caso de brutal assassinato de Davi Gavião da aldeia Rubiácea, na Terra Indígena Governador, no Maranhão, em 13 de outubro. O indígena foi morto com quatro tiros (três no tórax e um no pescoço). Suspeita-se que a morte foi encomendada de madeireiros de Amarante, município com forte preconceito com os povos indígenas.

Esse quadro de violência denunciado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) há 21 anos por meio desse relatório de violência, consolida o aumento sistêmico e continuo dos casos de violência praticados contra esses povos.

Somente no último ano, os tipos de violência identificados, passaram de 14 para 19, com destaque para a quantidade de registros de suicídio (128 casos), assassinato (110 casos), mortalidade na infância (702 casos) e das violações relacionadas ao direito à terra tradicional e à proteção delas.


MICHELLE CALAZANS, ASCOM CIMI

Nota: Confira a matéria na íntegra (https://cimi.org.br/2018/10/conjuntura-politica-acentua-violencia-contra-os-povos-indigenas-no-brasil/)