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“O segredo está em organizar e fortalecer as bases”
Em República Dominicana,
República Dominicana
CEL
38ª Reunião do Comitê Executivo da UITA
Com Héctor Morcillo
“O segredo está em organizar e fortalecer as bases”
20151029 Morcillo610
Nos dias 11 e 12 de outubro, foi realizada a 38ª Reunião do Comitê Executivo da UITA (CEL). Héctor Morcillo participou como membro da Federação dos Trabalhadores da Alimentação da Argentina (FTIA) e analisou para A Rel a importância deste tipo de encontros para o movimento operário em geral.
- Como você avalia esta 38ª Reunião?
- Muito positiva. Não só pelos relatórios que foram entregues pelas diferentes regiões e federações criadas pela Regional, como também porque foi muito frutífera em virtude dos resultados de tantas atividades que têm sido realizadas na região, além das publicações que servem como material de consulta e de análise.

Se por um lado é de conhecimento que a América Latina não está isenta dos golpes da crise mundial, e que os processos cíclicos da economia acontecem uniformemente pelo continente inteiro, também está claro que há uma tentativa, por parte de alguns setores da economia, de flexibilizar e precarizar cada vez mais o trabalho.

Todos os relatórios apresentados chegaram à mesma conclusão e analisaram como estas políticas são impulsionadas por meio de reformas nas leis trabalhistas e na previdência social.

- Fica latente a possibilidade de, na América latina, retornarem os regimes autoritários, como é o caso de Honduras ou do Paraguai, por exemplo?
- Está claro que a democracia na região está enfraquecendo. Os setores que concentram a economia não querem só o controle econômico, também querem chegar ao conjunto de órgãos do Estado.

Honduras é um dos principais exemplos. No Paraguai a situação foi diferente, mas também houve um enfraquecimento da democracia, depois da destituição ilegal do presidente Fernando Lugo, dando-se um claro avanço da direita; a desestabilização que o Brasil está vivendo, devido às artimanhas dos setores mais corruptos, deixa em evidência esse avanço da direita.

- Quais são os principais desafios apresentados a partir desta reunião?
- A corrupção, a droga e o crime organizado respondem a um sistema de ajustes do capitalismo, que também concentra os grandes meios de comunicação.

O avanço dos setores economicamente mais fortes no gerenciamento de questões do Estado e do poder, sem dúvidas abre grandes desafios tanto para os sindicatos como para a Secretaria Regional.

Temos que nos centrar em analisar profundamente estas mudanças na estrutura e fortalecer os laços de solidariedade na região.

Os pobres não corrompem. Quem corrompe é o milionário dono das empresas que fazem parte deste sistema que vem avançando perigosamente no continente.
Lutar contra a restauração conservadora
Sindicatos e sociedade civil devem se unir

Neste contexto, o desafio dos sindicatos é integrar as questões próprias do sindicalismo com as da sociedade civil, para defender os mecanismos democráticos de participação cidadã presentes na região.

Permitir o avanço da direita também no âmbito dos governos seria nefasto, porque traria em paralelo uma série de ajustes que só prejudicariam a classe trabalhadora e os setores economicamente mais vulneráveis.

Temos a Europa como exemplo, particularmente os casos da Grécia e da Espanha, com o consequente enfraquecimento das organizações sindicais e uma volta à perseguição e ao assédio moral contra os sindicatos, através da criminalização do protesto.

- Quais, para você, seriam então os próximos passos?
- Diante deste cenário regional e global, devemos defender as conquistas dos trabalhadores, a democracia e a estabilidade alcançada pela região.

Se na Europa as grandes transnacionais estão aplicando todas estas medidas de flexibilização e de precarização do trabalho, como ficou evidente no relatório do companheiro Fernando Medina das Comissões Obreiras da Espanha, o que nos faz pensar que logo não farão a mesma coisa na América Latina? Por que vão pagar salários altos aqui e por que manterão os benefícios sociais?

Acredito que devemos consolidar o trabalho que vem sendo realizado com as federações, e avalio que a tarefa realizada por Norberto Latorre, como presidente da Regional, por você e por esta magnífica equipe de dirigentes homens e mulheres, é o caminho a seguir.
Mais espaços de participação
Mais gente envolvida na luta

O que mais se destacou nesta 38ª Reunião foi o trabalho em equipe, a participação dos dirigentes e ativistas de base nas federações e nas coordenadorias locais. Foi levado adiante um plano estratégico de ações concatenadas que vão, dia a dia, aceitando a maquinaria e fazendo com que a nossa tarefa sindical seja cada vez mais eficiente.

Resumindo, acredito que de agora em diante devemos intensificar as ações de solidariedade, principalmente naqueles países onde o movimento sindical tem sido enfraquecido ou atacado.

Também devemos consolidar a democracia nos vários países, o que não significa nos aliarmos a partidos políticos, mas sim nos envolvermos com as políticas que defendam os setores mais pobres da sociedade.

Pensemos que estão retornando as políticas dos anos 1990: desvalorização das moedas locais, ajustes financeiros e sociais; vendas de empresas estatais e ataque sistemático ao movimento operário.

Temos que estar unidos, solidários e alerta, porque logo a crise da Europa também será sentida aqui, e com força. Devemos estar preparados para este momento. O segredo está em fortalecer as bases sindicais.  

É impensável manter uma estrutura unitária se as decisões são tomadas a partir dos gabinetes, apenas como narradores dos conflitos.

Temos que trabalhar muito, informar, capacitar, conscientizar e organizar para frear estas tentativas de destruir as conquistas tão duramente conquistadas pela classe trabalhadora, ao longo da história. E nesse caminho está a nossa Regional.
20151029 Morcillo610-1
Fotos: Giorgio Trucchi
Rel-UITA
5 de novembro de 2015

Tradução: Luciana Gaffrée

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