20130214 bebidas

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Perigo de megaoligopólio
Em Montevidéu, Daniel Gatti
Brasil
    BEBIDAS
    AB-InBev e SABMiller caminham para uma fusão
    Perigo de megaoligopólio
    Tudo em poucas mãos e a cerveja também
     
    sambev-610e
    Rel-UITA
    Não é novidade que a AB-InBev veja a fusão com a SAB-Miller, sua principal concorrente, como sua única possibilidade de continuar crescendo no mercado mundial da cerveja.  A novidade está em que esta fusão está muito perto de acontecer. O megaoligopólio está batendo às nossas portas.
    Já no início de 2011, a publicação econômica digital clubdarwin.net falava de uma fusão entre as duas gigantes da indústria da cerveja em nível mundial.
     
    As cartas foram dadas pelo banco de investimento Credit Suisse, que até colocou preço na operação, cerca de 71 bilhões de dólares (R$167 bilhões), e alertou sobre os “obstáculos” que as duas empresas deveriam driblar para poder levar a fusão até o fim, fundamentalmente de ordem regulatória.
     
    No final de 2011, do Brasil chegou a informação sobre uma reunião de negociações entre as direções da SABMiller e da AB-InBev, mas não foi lá grande coisa, e  além de alguns burburinhos na bolsa e rumores cá e lá, tudo ficou na mesma.
     
    Mas, nos bastidores, ambas as megaempresas continuaram negociando. O principal motivo que levaria a gigante belga-brasileira a se aliar à sua concorrente sul-africana seria o fato de considerar a fusão a única maneira para poder continuar crescendo
     
    Uma super gigante
     
    “O mercado norte-americano está estancado, a concorrência entre as produtoras de cerveja artesanal e de licores de baixa graduação mina as vendas de cerveja industrial (…) e agora os mercados emergentes são os que crescem: o presente está na China e o futuro na África, e é aí onde a AB-InBev não está tão bem posicionada como a sua rival SABMiller”, chama a atenção para este fato a revista clubdarwin.net..
     
    Nos últimos dez anos, a AB-InBev quintuplicou com folga os seus lucros, em parte graças a uma política de aquisições em grande escala, onde investiu algo em torno de 100 bilhões de dólares (R$236 bilhões), mas teria chegado a um teto.
     
    De acordo com informações filtradas pela imprensa, a belga-brasileira pagaria pela sul-africana 120 bilhões de dólares (R$285 bilhões), 30 por cento a mais do que hoje vale a soma das ações desta última.
     
    Uma nova transnacional controlando
    a metade mercado mundial de cerveja
     
    Caso absorvesse a SABMiller, a AB-InBev controlaria mais da metade do mercado mundial da cerveja e juntas teriam um valor de cerca de 250 bilhões de dólares (R$650 bilhões). A AB-Inbev vale hoje 169 bilhões de dólares, ou seja, um pouco menos da metade da sua principal concorrente.
     
    A AB-InBev administra marcas como a Budweiser, a Brahma, a Artartica e a Stella Artois. A SABMiller administra a Bavaria.
     
    A AB-InBev, depois que em 2008 adquiriu a Anhauser Busch, sendo esta a maior compra registrada na história do setor, por 61 bilhões de dólares (R$144 bilhões), “fez tudo que estava ao seu alcance para reduzir custos, que é o que melhor sabe fazer esta equipe liderada pelo (brasileiro) Carlos Brito”, foi o comentário da revista clubdarwin.net.
     
    Duas que já controlam demais
     
    Para finalizar a fusão, de qualquer jeito, a AB-InBev deverá se desfazer de alguns ativos, por exemplo, nos Estados Unidos para evitar cair nas leis antimonopolistas de lá.
     
    Mas, em regiões como a América Latina reforçará a situação de monopólio em que já se encontra. Na Argentina, no Brasil, no México, no Uruguai, a AB-InBev controla hoje mais de 70 por cento do mercado, e a mesma coisa acontece com a SABMiller na África do Sul, na Colômbia, no Peru e no Equador.
     
    Com este novo oligopólio, ganharão sem dúvida os acionistas, mas perderão os consumidores (que "com mercados cativos terão poucas opções de escolha e com toda certeza os preços subirão”) e os fornecedores, já que "a concentração de poder de compra deixará a produtora de cervejas com a faca e o queijo na mão, uma empresa que tem se caracterizado até o momento por  manter uma relação muito radical com eles”, afirma a página web.
     
    O que sim está claro é que os grandes perdedores serão os trabalhadores de ambas as empresas, pois outra das variáveis de ajuste que a nova mega empresa utilizará, apesar de seus lucros exorbitantes, será a redução de custos se valendo da supressão ou terceirização de empregos.
     
    Rel-UITA
    13 de fevereiro de 2014

    Tradução de Luciana Gaffrée

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