Em Buenos Aires,
Com Luisa Mele
Povos indígenas
e Direitos Humanos
e Direitos Humanos
Oficina sobre a Convenção 169 da OIT sobre os povos indígenas e o trabalho decente
Foto: Gerardo Iglesias
Luisa Mele, da União Argentina de Trabalhadores Rurais e Estivadores (UATRE), participará da oficina Sindical Regional de Avaliação e Acompanhamento do Convênio N°169, trabalho decente e sua articulação com outras Normas Internacionais. O evento acontecerá de 3 a 9 de setembro, com a finalidade de dar continuidade à problemática e aos desafios dos povos indígenas na América Latina.
-Como surgiu a ideia desta oficina?
-Surgiu a partir de um chamado do Comitê Administrativo da OIT para se trabalhar especificamente o Convênio 169, com o objetivo de ratificá-lo no maior número de países possível.
-Recentemente você participou de um curso à distância promovido pela Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA) e pela OIT sobre o Convênio e sua vinculação com outros Convênios de Trabalho. Como foi essa experiência?
-La OIT conta com uma modalidade de cursos à distância (online) sobre os Convênios que estão em discussão e sobre os assuntos que estão na agenda da Organização, e eu me interessei muito pelo curso.
Houve 200 inscritos na América Latina e foi uma experiência enriquecedora. Tivemos a oportunidade de interagir com líderes indígenas que nos deram a sua visão e a sua cultura, e nós a nossa experiência sindical.
Foi uma linda e interessante troca que durou três meses, aprofundando sobre a problemática dos povos indígenas de todo o mundo, e não só os locais.
-Agora você irá à oficina com toda a bagagem e a experiência acumulada que a Rel-UITA dispõe...
-Exatamente, e inclusive mencionei durante o curso o trabalho que a Regional Latino-Americana da UITA vem realizando, difundindo os problemas fundamentais que afetam os povos indígenas no Brasil, na Colômbia e no Peru.
Para mim é um orgulho pertencer a esta coletividade que sempre está inovando, que tem um olhar amplo e que vai além do trabalho de rotina realizado por muitos sindicatos.
Por isso, vou com muito entusiasmo e levarei o dossiê de notas e entrevistas que a Rel-UITA preparou como testemunho de nosso compromisso e trabalho.
Povos indígenas e Direitos Humanos
O agronegócio avassalador
-O que foi que motivou você a fazer este curso?
-Comecei a estudar o assunto e me integrei a um grupo que analisa a situação da posse e do uso da terra na Argentina.
Percebi que havia necessidade de ampliar a visão, porque aqui temos uma Lei de Terras, mas ao mesmo tempo são registrados muitos conflitos com os povos originários, e decidi que seria boa ideia incorporar estes temas na agenda sindical.
Foi assim que me interessei pelo curso da OIT, sempre pensando na problemática indígena segundo paradigma dos Direitos Humanos, sua promoção e defesa, porque a voracidade com que os interesses financeiros se movem vem deslocando e dizimando tanto os camponeses quanto os povos indígenas.
-O saque não tem fim...
-A matriz produtiva, baseada nas monoculturas, pensa dessa forma: adquiro a terra e não me importa nada mais, nem quem estiver na terra, nem sua história e nem sua cultura.
E quando com tal vandalismo são usurpadas essas terras, das quais fazem parte os povos indígenas, que são expulsos, perde-se o conhecimento ancestral e toda a sabedoria que possuem e que “a modernidade” tanto despreza.
E quando com tal vandalismo são usurpadas essas terras, das quais fazem parte os povos indígenas, que são expulsos, perde-se o conhecimento ancestral e toda a sabedoria que possuem e que “a modernidade” tanto despreza.
Rel-UITA
1 de setembro de 2014
Tradução: Luciana Gaffrée