Em Luziânia,
Sem terra não há educação, afirmam povos indígenas
Encerramento do 2° Encontro Nacional sobre Educação Escolar Indígena
Foto: Lucía Iglesias
Com os gritos de guerra “Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito” e “sem terra não há educação”, professores indígenas veem nesse encontro um fortalecimento de seus saberes e um aviso de que a luta pela terra não enfraquecerá.
De 28 a 31 de outubro, professores, professoras e lideranças indígenas, representantes de 52 povos de todas as regiões do Brasil, reunidos no Centro de Formação Vicente Cañas, no II Encontro Nacional sobre Educação Escolar Indígena, debateram e refletiram sobre a situação da educação escolar indígena no Brasil.
No encerramento do evento, com os gritos de guerra “Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito”, “Direitos conquistados não podem ser negados” e “sem terra não há educação”, redigem um manifesto onde afirmam abraçar a luta por uma verdadeira educação indígena,específica, diferenciada e de qualidade. Os professores reconhecem também que este encontro foi um fortalecimento do conhecimento e das sabedorias dos seus ancestrais.
Através deste manifesto, visam a reivindicar o reconhecimento e o respeito aos sistemas de educação próprio de cada povo, cada um com suas especificidades, seu modo de ser, viver, de se organizar, de se relacionar com o sagrado. Reivindicam também o reconhecendo de suas bibliotecas, disciplinas e territórios tradicionais.
Pois, percebe-se como relevante o Modelo de Educação Própria, experimentado pelo povo indígena Shuar, do Equador, que luta contra um modelo de educação colonizador, ameaçador das identidades, sendo importante construir sistemas abertos, focados na sua realidade, na sua luta pela sobrevivência, pelos seus territórios, seus saberes, modos de produção e cosmologias.
O manifesto também repudia a omissão dos Estados e Municípios, por não priorizarem o investimento de recursos nas escolas indígenas, por suas interferências constantes visando a não sistematizar os currículos indígenas no sistema nacional de educação.
O documento ainda alerta haver uma falta de participação ativa dos povos indígenas na reformulação dos currículos e na criação das Universidades Indígenas, exigindo que as esferas federal, estaduais e municipais reconheçam a autonomia das escolas indígenas.
Rel-UITA
12 de novembro de 2014