Em Manágua,
Com Joaquín Luciano
Conflito com a Nestlé Dominicana entra em compasso de espera
A transnacional suíça deverá apresentar o resultado de duas auditorias aos sindicatos e especialistas encarregados
Foto: Bernabel Matos
Há várias semanas que os sindicatos da Nestlé Dominicana SA alertam para o fato de a empresa negar a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) aos seus trabalhadores, como a legislação trabalhista deste país estabelece. A Nestlé alega ter sofrido prejuízo durante o ano fiscal de 2013. Os sindicatos também denunciam a demissão por represália de Luis Meregildo, ex-secretário de Reclamações e Conflitos do Sindicato de Trabalhadores da Nestlé de San Francisco de Macorís (Sintranestlesf).
Depois de ter revisado os registros de contabilidade e o estado financeiro da empresa, o Sintranestlesf e o Sindicato dos Trabalhadores da Nestlé de San Cristóbal (Sitranestlé-San Cristóbal), juntos com seus assessores em matéria legal, econômica e fiscal, decidiram entrar em compasso de espera até a transnacional apresentar um relatório de uma auditoria contábil do ano fiscal de 2013.
“Nós nos reunimos com a empresa e revisamos toda a documentação contábil que nos apresentou, detectando vários elementos que poderiam ter alterado o resultado econômico de 2013.
Entretanto, juntos com os sindicatos, decidimos esperar que a Nestlé nos entregue o relatório de uma auditoria externa da empresa KPMG, para assim termos o quadro completo da situação e decidir os próximos passos”, disse para A Rel, Joaquín Luciano, advogado especializado em direito trabalhista e assessor legal dos sindicatos da Nestlé Dominicana.
A Nestlé viola a legislação dominicana
De acordo com Joaquín Luciano, a documentação deverá ser entregue nos próximos dias.
“Se confirmadas as nossas suspeitas, os sindicatos buscarão negociar com a empresa a entrega do que por lei corresponde aos trabalhadores. Do contrario, recorreremos aos tribunais”, advertiu Luciano.
A tensão criada nas duas fábricas da Nestlé Dominicana, devido à demissão injustificada de Luis Meregildo e à intransigência da empresa, gerou fortes protestos e manifestações em massa dos trabalhadores contra a transnacional suíça.
Em mais de uma ocasião, o Sintranestlesf e o Sitranestlé-San Cristóbal disseram claramente que os trabalhadores não são os responsáveis pela má administração da empresa, e exigem não só o respeito à legislação trabalhista, mas também que a Nestlé Dominicana entregue o que os trabalhadores conquistaram com muito esforço.
Os trabalhadores também solicitaram às organizações irmãs, como a Rel-UITA e a Federação Latino-Americana dos Trabalhadores da Nestlé (Felatran), ficarem atentas ao desenrolar da situação durante os próximos dias.
Rel-UITA
10 de junho de 2014
Tradução: Luciana Gaffrée