Em Montevidéu,
Com Moacyr Roberto Tesch
Primeira Reunião Internacional da UITA para o Setor de Comidas Rápidas
“O que muda é o país, mas a exploração é a mesma”
Urge globalizar a luta por melhores condições de trabalho
Foto: Darío Falero
Nesta primeira reunião realizada em Nova York, nos dias 5 e 6 de maio passados, contou-se com a participação de uma numerosa delegação da Confederação Nacional de Trabalhadores do Turismo e Hospitalidade (CONTRATUH) do Brasil. Em diálogo com A Rel, Moacyr Tesch, presidente da CONTRATUH, declarou que o encontro foi um momento magnífico.
“Para nós foi uma ótima experiência. Junto com os representantes dos 32 países participantes do evento, discutimos o caso em particular da Mcdonald´s no Brasil”.
Acrescentou então: “Foi gratificante saber que, entre tantos países, o Brasil é o que possui uma maior representação sindical, o que tem uma forte incidência diante das políticas internacionalizadas de exploração impostas pela McDonald´s a seus funcionários, além de poder dividir esta experiência com os outros trabalhadores, e saber que isto lhes pode ser útil em sua luta, foi muito bom”.
Para o dirigente, as determinações judiciais que levaram a empresa, ícone do fast food, a ser multada e chegar a um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), organismo da justiça trabalhista encarregado de fiscalizar as condições de trabalho no país, converteu-se em um emblema de luta contra a precarização do trabalho no setor de comidas rápidas, tanto no Brasil como no resto do mundo.
“Não podemos negar que, neste caso, o trabalho conjunto com o Ministério Público do Trabalho foi determinante para que conseguíssemos vencer uma batalha contra a McDonald´s, que tem que regularizar a jornada de trabalho em todos os seus restaurantes existentes no país, e pagar uma multa exemplar por danos morais coletivos aos seus trabalhadores”, destacou Tesch.
A participação do MPT
O procurador do MPT, Leonardo Mendonça, que foi quem entrou com a ação civil pública contra a Arcos Dourados, franquia da McDonald´s no Brasil, esteve presente à reunião e discursou sobre a experiência brasileira a partir da perspectiva do Estado.
“A colocação do doutor Mendonça foi importante para as organizações ali presentes, porque mostra um caminho a se percorrer para terminarmos com tanta precariedade e exploração no setor comida rápida”, destacou.
A importância da UITA
“Desta reunião surgiu a ideia da realização da Jornada de Ação Global contra a McDonald´s, realizada no dia 15 de maio passado, com um amplo alcance.
No Brasil, foram feitos piquetes em São Paulo, Curitiba e Goiânia”, informou Moacyr que, ao finalizar sua entrevista, agradeceu à UITA.
“Nossa Internacional nos permite, com este tipo de atividades, ampliar o horizonte de luta, sair do Brasil e poder compartilhar experiências com os trabalhadores de outros países que vivem as mesmas dificuldades que nós, o que, sem dúvida, é muito importante.
Graças à UITA podemos compartilhar experiências, porque o que muda é o país, mas a exploração ao trabalhador é a mesma, as empresas são as mesmas e, portanto, a luta deve ser global”, concluiu.
Rel-UITA
27 de maio de 2014
Tradução: Luciana Gaffrée