En Asunción,
Horácio Cartes já mostra suas garras
Cem dias para impor
cinco anos de governo
O novo presidente Horácio Cartes já deu sinais do caminho por onde transitará sua gestão, e não é possível vislumbrar nada bom nisso.
Os cem primeiros dias de um governo é tempo para vermos como atua e para darmos a nossa avaliação como povo. No governo atual, acredito que vamos ter que mudar este cenário. Já há indícios do caminho por onde trilhará a sua gestão.
No terreno do trabalho, o meio escolhido para incentivar o trabalho dos desempregados é a indústria maquiladora. A menos que nos explique e nos prove outra coisa, a indústria maquiladora equivale à exploração com baixos salários, com muitas horas de trabalho e sem proteção social.
O sistema econômico vai se apoiar na privatização. Uma repetição do que Carlos Menem já fez na Argentina.
Politicamente, irão nos tirar do Mercosul e nos converteremos em um bastão do neoliberalismo a serviço dos Estados Unidos.
E nada de falar em reforma agrária integral para as 300.000 famílias camponesas que carecem de terras.
Propagar o medo e intensificar
a repressão
Acredito que a forma para impor tudo isto será a de infundir o medo. Tentarão impor todas aquelas medidas com as quais sairão ganhando e tentarão nos calar, por sermos dissidentes, com uma repressão seletiva visando descabeçar as organizações. Como aconteceu na ditadura.
Já começaram em Tacuaty com cinco assassinatos (cometidos por matadores profissionais?). E com uma mensagem de terror usando da militarização no norte do país. E também com o assassinato do líder camponês, Lorenzo Areco, de Yvy Yau, no próprio dia 15 de agosto, dia em que o novo governo assumiu.
Exagerarão com as ameaças de bombas e com os sinais de instabilidade. Isto acontecerá primeiro no interior e depois, com aperfeiçoamento, chegará até a capital e sua região.
O governo tem assessores procedentes de regimes muito duros e sabe que o novo estilo econômico autoritário tem que ser implementado desde o início.
Sinceramente, não queremos que este seja o cenário destes cem dias.
Mas ainda estamos a tempo para rejeitá-lo pública e coletivamente.
Foto: Gerardo Iglesias
Rel-UITA
28 de agosto de 2013