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JBS sempre aprontando

De norte a sul

Em abril deste ano, em meio ao surto da pandemia nos EUA, a CNN apresentava um relatório alertando que as comunidades hispânicas e afrodescendentes poderiam ser - nesse país - as mais vulneráveis ao novo coronavírus.
Imagem: Allan McDonald | Rel UITA

Dados preliminares indicaram que suas condições socioeconômicas e de saúde poderiam facilitar uma maior taxa de contágio e de morbidade. A advertência foi rapidamente confirmada.

De acordo com dados divulgados na terça-feira, 7 de julho, pelo Departamento de Saúde de Utah, mais de 300 trabalhadores latinos de uma fábrica de processamento de carne da JBS na cidade de Hyrum, ao norte do estado de Utah, bem como cerca de 400 parentes desses trabalhadores, foram infectados pela Covid-19.

Dados coletados pela agência EFE indicam que em toda aquela região o aumento no número de infectados está diretamente ligado ao surto na fábrica frigorífica da JBS.

Dos 1.724 casos detectados, 1.450 vieram do frigorífico, e a grande maioria dos infectados (algo como 1.200) afeta latinos que trabalham ou trabalhavam naquela unidade.

No início de junho, o Departamento de Saúde de Utah emitiu um comunicado alertando sobre um «aumento preocupante nos casos de coronavírus», enfatizando que o surto estava concentrado em Hyrum.

Negligência amparada pelo próprio presidente

Naquele então, as autoridades de saúde informaram que um terço dos funcionários da JBS testaram positivo para Covid-19.

Em meados de junho, por precaução, a empresa fechou parcialmente seu estabelecimento, mas o fechamento nunca foi total, já que em final de abril o presidente Donald Trump assinou um decreto obrigando a abertura das fábricas produtoras de carne.

Diante desse decreto, os trabalhadores e as trabalhadoras entraram em greve e marcharam por alguns dias pela avenida principal de Hyrum, pedindo equipamentos de proteção individual, limpeza e desinfecção do frigorífico.

Um mês após os protestos, a região passou de ter 36 casos comprovados para os 1.724 positivos atuais.

“Muitos latinos tiveram que voltar ao trabalho assim que puderam porque precisavam sustentar suas famílias, mesmo sem terem se recuperado totalmente do vírus», disse aos meios de comunicação a dirigente sindical Lizette Villegas, da The Family Place, organização que trabalha com essas famílias.

Villegas informou ainda que o sindicato está lutando para que a empresa preste assistência financeira aos seus trabalhadores com coronavírus. No estado de Utah, os latinos representam 42 por cento dos 25.653 casos detectados, conforme os dados dessa segunda-feira, 6 de julho.

No Brasil

Como já informado pela Rel UITA, nessa pandemia, os frigoríficos do Grupo JBS foram as principais fontes de contaminação por Covid-19 em muitas regiões do Brasil, incluindo as comunidades indígenas.

Organizações sindicais do setor, conjuntamente com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a UITA, vêm denunciando a situação que, em diversos casos, levou ao fechamento dos frigoríficos.

Infelizmente, assim como Donald Trump, Jair Bolsonaro também coloca a saúde financeira do mercado das carnes acima da saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras.


Com informação da Agência EFE