-Um dos principais problemas enfrentados pela comunidade LGBTI no Brasil é a violência. Como vocês administram isto?
-Lamentavelmente, o nosso país é o lugar onde há mais assassinatos de pessoas LGBTI no mundo. É um assunto complexo e o preconceito está justamente naqueles ambientes onde a pessoa menos imagina.
Para lutar contra isso, a única saída é pela a educação. Educar as novas gerações dentro da diversidade e do respeito é o caminho para erradicar a violência e o ódio contra a comunidade LGBTI.
Há alguns anos, nós homossexuais éramos considerados doentes. Isso já foi superado. Entretanto, as pessoas transgênero continuam catalogadas como doentes, por isso é importante lutarmos para conquistarmos espaços e direitos.
Avançamos sim, mas ainda falta muito que conquistar.
-Como é a sua realidade de trabalho?
-Sou trabalhador independente e há uns 12 anos participo do movimento LGBTI de Limeira, porém só agora estou na diretoria.
-É difícil convocar as pessoas para participarem das atividades do movimento?
-Sim, é. Se não traçamos uma estratégia para captar participantes, o público não virá aos seminários e oficinas, porque basicamente não sentem interesse por passar dois ou três dias escutando palestras.
Isso nos obriga a usar de nossa imaginação para buscar alternativas, novas tribunas, novos métodos de abordagem.
As últimas atividades que realizamos com a ADLIM foram muito participativas. Nós deixamos de lado os seminários e exposições, apostando mais nas mesas redondas e conversas, assim como na projeção de filmes, para depois comentarmos com os convidados. Isso funcionou muito bem e, uma vez que as pessoas se sentem parte do projeto, elas mesmas se encarregam de trazer outras com ela.
-Qual é o grande desafio para a comunidade?
-Como já disse anteriormente, eu gostaria de contribuir para que o Brasil saísse desse vergonhoso ranking de ser o país que mais assassina pessoas LGBTI.
Por outro lado, estamos trabalhando em um projeto que envolva as famílias das pessoas da comunidade LGBTI. Por sorte, nunca tive problemas para assumir a minha homossexualidade em minha casa.
Minha mãe é um ser muito especial, porém sei que a realidade de outros LGBTI não é tão idílica.
Queremos gerar encontros de diálogo com os pais e as mães, trazê-los para o movimento, principalmente aqueles que não aceitem ter filhos LGBTI.
Dentro deste contexto, há muito o que fazer.
-Parabéns pelo seu trabalho!
-Obrigada por nos oferecer este espaço. É muito importante que o movimento sindical abra suas portas para a comunidade LGBTI e apoie a nossa luta.