A Rel UITA se reuniu com os sindicatos do setor das carnes em Salto
Em 19 de março passado, domingo, uma delegação da Rel UITA se reuniu com representantes de três sindicatos da indústria frigorífica no departamento de Salto, no litoral uruguaio.
Amalia Antúnez
23 | 03 | 2023
Foto: Alejandro Sosa
Dirigentes do Sindicato de Trabalhadores de La Caballada Salto (STLCAS), propriedade da transnacional brasileira Marfrig, do Sindicato dos Trabalhadores de Somicar (SITRASO) e do Sindicato Único dos Trabalhadores do Frigorífico Daymán (SUTRAFRID), ambos de capitais nacionais, expuseram suas preocupações sobre as condições atuais da indústria.
Neste encontro, os trabalhadores e as trabalhadoras expressaram a necessidade de articularem ações na região, considerando que os empregadores em muitos casos se repetem.
Cabe recordar que ambas as brasileiras Marfrig e Minerva concentram a produção e comercialização de mais da metade do mercado das carnes e seus derivados no Uruguai.
“Com a reestrutura na Federação de Operários da Indústria das Carnes e Afins (FOICA), devido à convocatória para eleições, após muitos anos, em 2020 uma nova e jovem diretoria assume, conquistando vitórias significativas para o setor”, disse Gustavo Telechea, presidente do STLCAS.
“Entretanto, em Salto ainda precisamos melhorar no quesito militância sindical ativa”.
Todos os presentes coincidiram em que as novas gerações de trabalhadores chegam à indústria contando com uma série de benefícios obtidos com anterioridade pela luta sindical, sem terem plena consciência disso.
“Muitas vezes nos topamos com velhos dogmas e com o desinteresse de quem já tem tudo conquistado. Outro fator que também pesa contra é que, no interior do país, os frigoríficos empregam às vezes vários membros de uma só família”, disse Telechea.
Outro aspecto que querem colocar na agenda para este ano é a questão da saúde e da segurança. Segundo dados oficiais, é no setor frigorífico que se regista o maior número de lesões por esforços repetitivos no país.
50 por cento das doenças encaminhadas para o Banco de Seguros do Estado são de origem musculoesquelética e de 140 trabalhadores que obtêm seguro por doença com alguma destas patologias, 100 são procedentes da indústria frigorífica.
Os dados foram enumerados pelo presidente da FOICA, Martín Cardozo, perante a Câmara de Representantes, na sexta-feira, 17 de março, quando organizações e grêmios apresentaram suas preocupações por causa do projeto de lei de Reforma da Previdência, em trâmites no Parlamento, pois entre outras coisas, prevê aumentar a idade mínima da aposentadoria de 60 para 65 anos.
“A Reforma da Previdência e as modificações na Lei de Negociação Coletiva são assuntos que precisamos enfrentar com todas as nossas garras, porque todos nós seremos afetados, direta ou indiretamente”, disse Oscar Larrosa, presidente do SITRASO.
A indústria frigorífica já conta com uma alta porcentagem de trabalhadores com algum tipo de incapacidade, na franja etária de 40 a 50 anos, portanto seria nefasto o aumento da idade mínima para a aposentadoria neste setor.
A Rel UITA se comprometeu a convocar seu assessor em saúde ocupacional, o Dr. Roberto Ruiz, para um encontro com os trabalhadores e as trabalhadoras do setor das carnes do Uruguai.
O especialista brasileiro trará evidências clínicas de doenças ocupacionais na indústria frigorífica, expondo também sua experiência com a Norma Regulamentadora No 36 (NR-36), conquistada graças à enorme luta dos sindicatos do setor em seu país.
Também foram convidados para participarem do Terceiro Fórum de Trabalhadores da Indústria das Carnes do Mercosul, que ocorrerá em breve no Brasil.