BRF e Marfrig anunciam fusão
Se for concretizada a anunciada fusão entre as transnacionais brasileiras BRF e Marfrig, um novo gigante global ameaça aumentar ainda mais a concentração na indústria da carne e da alimentação em geral.
Daniel Gatti
21 | 5 | 2025

Foto: Agencia Brasil
Ambas as corporações afirmaram em 15 de maio que darão origem a uma nova empresa, a MBRF Foods Company, que terá uma receita anual de 27 bilhões de dólares, estará presente em quase 120 países e terá uma produção estimada em 8 milhões de toneladas de diversos produtos cárneos ─principalmente carne bovina, frango e ovina─ que chegarão a cerca de 425 mil clientes.
A nova empresa empregaria um total de 130 mil pessoas, sendo 100 mil da BRF e 30 mil da Marfrig.
A Marfrig é atualmente líder mundial na produção de hambúrgueres, atrás apenas da JBS, outra transnacional brasileira, líder na produção global de proteína animal, com a qual a MBRF agora aspira competir em pé de igualdade.
A produção da Marfrig está concentrada em 31 plantas localizadas no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos.
O gigante projetado do setor de alimentos pretende crescer principalmente nos Estados Unidos, no Oriente Médio e na China.
Quase metade (43%) do faturamento total da MBRF virá do mercado norte-americano, disse Marcos Molina, fundador e controlador da Marfrig e futuro presidente dos conselhos de administração da Marfrig e da BRF, à revista Valor Econômico.
“A BRF já tem um processo de distribuição muito eficiente no Oriente Médio. Com a fusão, vamos incluir no portfólio desse distribuidor a carne bovina da Marfrig”, destacou.
A fusão, que ainda precisa ser aprovada pelas assembleias de acionistas de ambas as companhias ─marcadas para 18 de junho─, aumentará ainda mais a concentração no setor, além da já significativa união desses dois gigantes.
O segundo maior acionista do novo grupo será o fundo saudita Salic, que deterá 10% das ações da MBRF.
A Salic atualmente controla outra empresa frigorífica brasileira, a Minerva.
No Uruguai, por exemplo, a Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência deverá reavaliar os riscos de monopólio em um dos principais setores econômicos do país.
Recentemente, a Comissão havia se oposto à compra, pela Minerva, de três das cinco plantas que a Marfrig possui no país.