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Repúdio à marcha pró-Bolsonaro
“Um golpe está sendo preparado”
O presidente Jair Bolsonaro convocou o “povo brasileiro” para se manifestar nas ruas contra o parlamento e o Supremo Tribunal Federal, amanhã, dia 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. Em uma carta aberta, mais de cem dirigentes mundiais denunciaram a possibilidade de um golpe de Estado.
Gerardo Iglesias
Ilustração: Lauzán | CartonClub
“Neste exato momento, Jair Bolsonaro e seus aliados - entre os quais grupos de supremacia branca, policiais militares e funcionários públicos em todos os níveis do governo - estão preparando uma manifestação nacional contra o STF e o Congresso Nacional, aumentando os temores de um golpe na terceira maior democracia do mundo”, diz a carta.
Bolsonaro ameaça há semanas cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso não reformar o sistema eleitoral, mesmo sendo considerado um dos mais seguros do mundo, e em 21 de agosto anunciou que a manifestação de 7 de setembro é parte de um “contragolpe necessário” contra o Congresso e o STF.
Ele também aludiu ao fato de que era necessário acabar com a "Constituição Comunista" aprovada após a saída da ditadura, em 1988.
“É um ataque às instituições democráticas”, afirmam os signatários do texto e lembram a afinidade do ex-sargento que hoje preside o Brasil, com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que no último dia 6 de janeiro promoveu um assalto à sede do parlamento do seu país por desconhecer o resultado das eleições em que foi derrotado por Joe Biden.
Alguns dos grupos que convocam a manifestação em apoio ao Bolsonaro pedem uma "intervenção militar" e a dissolução do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
“O povo brasileiro luta há décadas para garantir a democracia contra o regime militar. Não devemos permitir que Bolsonaro acabe com ela agora ”, diz a mensagem.
Entre os signatários da carta aberta estão os ex-presidentes Ernesto Samper, da Colômbia, e José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha.
Também assinam os ex-ministros Celso Amorim, do Brasil, e Yanis Varufakis, da Grécia, o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Pérez Esquivel e o intelectual americano Noam Chomsky, além de sindicalistas, lideranças sociais e pesquisadores de diversos países.