Abacaxis tóxicos, trabalho precário e comunidades agredidas
O cultivo de abacaxi na Costa Rica deve ser regulamentado, tanto em relação ao uso de agrotóxicos quanto para prevenir formas de exploração dos trabalhadores e de suas famílias, em sua maioria de migrantes.
Frank Ulloa
06 | 09 | 2022
Foto: Gerardo Iglesias
Os trabalhadores e as trabalhadoras da agroindústria recebem salários muito baixos, tendo ainda que ver as suas liberdades sindicais serem negadas. Também são exterminados silenciosamente, sendo o Estado – por meio da saúde pública – quem arca com todos os cuidados necessários.
As autoridades do Estado devem manter o compromisso ético de publicar as informações consideradas relevantes para a proteção da saúde das pessoas. Entretanto, as organizações sindicais jamais podem ficar caladas, mesmo quando essas questões ambientais não forem de sua prioridade.
As consequências da expansão descontrolada do abacaxi para a vida humana são nefastas.
O Centro de Pesquisa de Poluição Ambiental (CICA) da Universidade da Costa Rica informou a gravidade desta situação.
Desde 2015, já havia evidências de que a água em muitas comunidades estava contaminada, entretanto essa informação só foi publicamente divulgada após 14 de junho de 2018.
Agora a questão se complica quando as transnacionais impedem o acesso às fazendas em nome do sagrado direito de propriedade, que colocam acima do direito à vida..
Muitas dessas empresas são certificadas. O sistema judiciário pode agir, mas não o faz. E todos ficam em silêncio..
Está – para quem quiser ver – o fato de que muitos dos 32 pontos de amostragem estão contaminados com herbicidas como Bromacil, Ametrine, Diuron e Hexazinona e fungicidas como Metalaxil e Carbendazim.
Algumas das regiões atingidas são fontes de água para consumo humano em comunidades pertencentes a Pital, Agua Zarcas, Venecia de San Carlos e o cantão de Río Cuarto.
Nós da Rel UITA e da FENTRAGH devemos acirrar a luta contra o uso contínuo de produtos proibidos no país, contra o uso indiscriminado de agrotóxicos e contra o duplo discurso das transnacionais.