-Qual é a situação da Nestlé neste momento?
-Estamos perto do vencimento de um acordo sobre a denominada “jornada excepcional”, na unidade da empresa em Graneros.
Esta jornada foi estipulada pelo órgão chileno Direção do Trabalho e consiste em que, a pedido de uma empresa, os trabalhadores e as trabalhadoras sejam convocados para trabalhar mais dias por “necessidades de produção”, desde que isto seja previamente decidido com o sindicato.
-Qual é a data do acordo e seu vencimento?
-O acordo começou em maio de 2014 e vence em 10 de junho de 2018. A Nestlé adotou uma postura bastante mesquinha com relação a este assunto, porque quer manter a jornada excepcional só para um dos setores da produção, deixando de fora – com isso - quase 80 por cento dos trabalhadores e trabalhadoras da unidade.
-Como esta medida afeta vocês?
-Esta medida gera uma queda nos salários de todos nós, porque a jornada excepcional representa uma série de benefícios.
-Em média, de quanto seria a perda salarial de vocês?
-Estamos falando de uma perda de 120 a 160 mil pesos chilenos (de 188 a 250 dólares), por mês e por pessoa, o que para nós é muitíssimo.
-Em que setor a Nestlé quer manter a jornada excepcional?
-Na unidade de café. Mas, esta é só uma das áreas de produção, que está alinhada às outras, entre elas, o laboratório, o armazenamento, o departamento técnico, etc.
Por isso, o Sindicato insiste em não ser viável manter os 21 turnos de segunda a domingo só para a unidade de café. Este o conflito com a empresa.
-Qual foi a resposta da Nestlé?
-A empresa respondeu com intransigência. Os gerentes de linha começaram uma campanha de perseguição, onde afirmavam que se continuássemos com a jornada haveria demissões, porque em muitos turnos sobraria pessoal.
Entendemos que a sustentabilidade da empresa passa por manter os sistemas de produção, mas estes sistemas só se mantêm graças aos trabalhadores e às trabalhadoras.
Para que a Nestlé pudesse chegar às suas metas produtivas, trabalhamos 42 dos 52 domingos do ano. E agora, todo esse trabalho já não serve mais?
-Que medidas serão tomadas caso a empresa não ceda?
-Mas, se não chegarmos a nenhum acordo, faremos as denúncias internacionais correspondentes, tanto por meio da Federação Latino-americana de Trabalhadores da Nestlé (Felatran) como por meio da UITA. Visamos a chegar diretamente à matriz na Suíça.
Dos 900 funcionários da unidade da Nestlé no Chile, 300 são filiados ao Sindicato Nº2.